O jogo foi fraco. Muito, muito fraco. Mas convém antes de entrar pela análise das razões que explicam uma partida assim tão fraca fazer uma ressalva. Uma espécie de ponto prévio. Para dizer, essencialmente, que torna-se difícil exigir mais aos jogadores quando estes são obrigados a jogar num estádio com cerca de quatro mil cadeiras ocupadas e 26 mil vazias. Num estádio literalmente às moscas, portanto.
Qual será a motivação para fazer mais do que uma exibição esforçada? De onde poderá chegar a inspiração para rasgar momentos de puro futebol quando o ambiente se assemelha mais a um jogo de bairro, a uma partida entre solteiros e casados presenciada pelas mulheres dos primeiros e as namoradas dos segundos? A verdade é que as duas equipas lutaram, mas faltou-lhes inspiração para fazer melhor. Era difícil consegui-lo.
Até o golo nasceu do nada
Desde o início que o Beira Mar tomou mais conta da partida. Procurou o meio-campo adversário e subiu a linha intermédia no terreno. Beto era o pêndulo da equipa, colocava-se no centro do terreno e procurava lançar as coordenadas por onde o futebol haveria de passar. Tudo boas intenções, assinale-se. A U. Leiria trazia a lição bem estudada, deu ligeiros minutos ao adversário como que para o perceber melhor e adoptou depois uma estratégia de clara contenção. Trancou-se na retaguarda, aproximou as linhas e cortou os espaços de progressão ao Beira Mar. As boas intenções aveirenses diluíram-se nesta teia.
E o jogo ficou pachorrento, pachorrento, pachorrento. Um par de remates de longe, de um e outro lado, era o melhor que o encontro tinha para oferecer. De resto, sobrava apenas um longo bocejo interrompido pelo golo de Fábio Felício. Um golo nascido do nada que foi o jogo. Um alívio longo de Helton coloca a bola a meio do caminho entre Srnicek e Fábio Felício, o guarda-redes checo é mais rápido que o avançado adversário mas facilita no momento de chutar a bola e permite ao esquerdino ficar com a baliza toda aberta. Cumprido este minuto, a partida voltou ao tom monocórdico que a caracterizou.
A U. Leiria conquistou, desta forma, a primeira vitória fora de casa e a primeira vitória da sua história em Aveiro. Trepou quatro posições e encostou-se ao adversário desta tarde no 11º lugar. Manuel Cajuda, ao terceiro jogo no Beira Mar, perdeu pela primeira vez. E ainda não ganhou.