Um Belenenses em demasiada aflição, uma Académica com vista para a Europa. A Briosa coloca-se em posição de entrar na corrida europeia, enquanto os lisboetas, parece, têm cada vez mais o destino traçado. Uma só vitória em vinte jogos é demasiado pouco para quem tem de fugir ao último lugar. Houve reacção depois do intervalo, sim, mas não apagou o desacerto do primeiro tempo, para infortúnio dos azuis. Se conimbricenses e lisboetas partiram para 2009/10 com a manutenção em mente, a dez jogos do fim uns têm a meta a um passo, os outros a II Liga, que está mais próxima com o calendário a esgotar-se.
Recorde o AO MINUTO
Demorou pouco para se perceber que a Académica queria assumir o encontro. Num jogo que até o capitão Zé Pedro qualificara de decisivo, o Belenenses entrou pensativo, a tentar perceber os estudantes, em vez de, não há outro modo de o dizer, «ir com tudo» para cima do adversário, como ousou fazer no segundo tempo.
Cinco minutos bastaram para a Académica ver Sougou na direita e canalizar por ali o ataque; três momentos iguais, com o senegalês a deixar para trás Tiago Gomes indicavam que o golo estava mais próximo para os visitantes. Assis ainda o evitou, mas Devic meteu tanta água como o Tejo e deixou Vouhou à vontade para o 1-0.
Mais cinco minutos e o encontro parecia definido. Berger elevava-se na área e o 2-0 encostava a Académica na luta europeia. Do outro lado, as dificuldades em criar qualquer coisa eram enormes. Havia ansiedade de chegar à baliza contrária, faltava discernimento, e só mesmo o coração mandava a equipa do Restelo para a frente. O coração e Toni, que dava esse sinal, com a entrada de Yonctha. As repercussões não foram imediatas, porque o camaronês não chegou a um cruzamento de Lima. Mas a segunda parte estava logo ali. Ainda bem para os do Restelo, que precisava mesmo de descanso depois de andar os 45 iniciais a correr atrás de adversários.
Agora sim, o tudo por tudo
Quase parecia outra equipa, aquela que jogou pelo Belenenses na segunda metade. Entrada «com tudo» em atitude e Lima e Yontcha a darem o corpo, as pernas e a alma pelo Belém. Entre o brasileiro e o camaronês os lisboetas inventaram um golo. O Restelo fez-se ouvir e apertou punhos em busca pelos pontos.
Villas Boas também «entrou» no jogo. Tirava Cris e lançava os centímetros de Paulo Sérgio. Era preciso desligar o motor ao Belenenses, era hora de jogar no corpo a corpo, mano a mano. Ou seja, era necessária tanta força quanto aquela que empurrava o Belenenses para a frente, uma equipa que era cada vez mais física, mais aplicada. Venceram por fim os dentes cerrados e a força da briosa.
Como se disse, a permanência está a cinco pontos. Nesse aspecto, o Belenenses terminou como começara a partida. Mas o tic-tac das jornadas e desempenhos como os dos primeiros 45 minutos fazem parecer que a distância é bem maior. Do Restelo vê-se o Tejo, mas não se vê a salvação.