José Couceiro não tem dúvidas que os maiores beneficiados com a crise do Sporting são Benfica e F.C. Porto, os grandes rivais na competição e no mercado. E, para o treinador leonino, os adeptos contribuem para este benefício. Na véspera de mais um jogo em Alvalade, o apelo foi, por isso, à paciência e à união, num pedido expresso várias vezes ao longo da conferência.

«Os nossos maiores adversários, Benfica e F.C. Porto, têm todo o interesse em que o Sporting não renasça, para entre eles dividirem o mercado. São benefícios para eles próprios e nós, Sporting, temos de nos unir. Quando ao primeiro sinal de ataque do adversário assobiam a nossa equipa, estão a fazer o jogo de Benfica e F.C. Porto. Eles são nossos adversários e não têm interesse em que demos a volta à situação, num período difícil como este, eleitoral. E se não nos juntarmos, daremos cada vez mais força aos nossos adversários», defendeu José Couceiro, neste sábado, na antevisão da recepção ao Beira Mar (domingo, 18h).

O técnico leonino deu mesmo o exemplo da força dos rivais quando suportados pelos seus adeptos. «O Benfica foi muito beneficiado pela acção do seu público, este foi preponderante na atitude da equipa, no F.C. Porto acontece o mesmo. Temos de perceber que estando tão divididos estamos a dar cada vez mais força aos adversários», avisou.

José Couceiro não nega, porém, o dever da equipa em manter os adeptos satisfeitos, mas pede mais paciência, sobretudo na recta final dos desafios. «Temos de trabalhar sempre para a massa adepta. Não digo que as pessoas não têm direito à indignação. Mas ao primeiro ataque de perigo do nosso adversário a equipa começar a ser assobiada, isso é que não pode acontecer. Não temos de ficar satisfeitos pelo terceiro lugar, mas esta é a realidade e é muito importante lutar por este objectivo. Os adeptos têm direito à indignação, mas quando acabar o jogo. Não prejudiquem a equipa», pediu.

O treinador entende, também, que a estratégia do Beira Mar passará por beneficiar do ambiente hostil dos adeptos leoninos para com a sua equipa. «Os adeptos do Sporting vão encarregar-se de tornar a equipa mais intranquila e aí está a estratégia do Beira Mar. A esmagadora maioria dos jogos resolvem-se nos últimos 20 minutos, é preciso ter paciência. Chegar aos últimos 20 minutos com 2-1, 1-0, nada está decidido», analisou.

Couceiro receia, ainda, que o fantasma da Luz ensombre os leões frente ao Beira Mar, apesar de, simultaneamente, acreditar numa resposta à altura. «Vai ser um jogo complicado, porque não há partidas fáceis no campeonato e porque a equipa tem de reagir a uma frustração, depois de ter disputado um derby na Luz para ganhar. Temos de reagir de forma positiva e ganhar ao Beira Mar, mas é frustrante perder e mais frustrante perder da forma como perdemos», recordou.