A 10 de Junho de 1985, no dia de Portugal, o Benfica vence o F.C. Porto pela quarta vez na década de oitenta em finais da Taça de Portugal, passando a contar com uma vantagem de sete para um no duelo particular com a equipa das Antas, num ano em que a rivalidade entre os dois clubes volta a ganhar uma expressão intensa.
Foi um final feliz para os encarnados depois de um ano de incertezas marcado pelas saídas do treinador Eriksson e dos jogadores Chalana, Stromberg e Humberto Coelho. Na Europa, o clube da Luz voltava a cair aos pés do Liverpool de Ian Rush pelo segundo ano consecutivo. No campeonato, os encarnados acumularam a sua pior série de sempre sem vitórias, somando seis empates e uma derrota, caindo para um terceiro lugar atrás do Sporting e a uns longínquos doze pontos do F.C. Porto.
Só a Taça trouxe alegria aos adeptos da águia. Depois de um percurso extremamente acessível, em que nunca encontraram uma equipa do principal escalão, os encarnados passearam até ao Estádio Nacional, com uma série de goleadas, marcando 25 golos e consentindo apenas um em seis jogos.
O Jamor seria o palco de todas as vinganças depois do F.C. Porto ter vencido dois jogos na Luz: primeiro na segunda mão da Supertaça (4-2), com uma grande exibição do jovem Futre, e depois para o campeonato, com um golo solitário de Gomes.
Estava, assim, criado, o ambiente para mais uma final sob enorme tensão, com o vermelho a predominar sobre o azul nas bancadas do Jamor que receberam 40 mil espectadores no último dia de uma «ponte» que levou muitos lisboetas para fora da capital. Rezam as crónicas que o Benfica de Pal Csernai, que tinha desiludido ao longo da época, surgiu transfigurado para melhor e a verdade é que ao intervalo os encarnados já venciam por 2-0, com golos de Nunes e Manniche.
As esperanças do F.C. Porto esvaziavam-se pouco depois com a saída do bi-bota Gomes que não resistiu a uma lesão de que não estava totalmente recuperado. O esquema do então jovem treinador Artur Jorge, que contava com Jaime Magalhães e Futre nas alas, ruiu por completo. A abrir o segundo tempo, o gigante dinamarquês voltou a marcar na transformação de uma grande penalidade. Shéu, que jogou a «trinco», foi um gigante a travar a reacção portista que não conseguiu melhor que reduzir, também na marcação de uma grande penalidade, por Futre.