A figura: Gaitán

Voltou à esquerda, voltou a ver-se um Gaitán de elevado nível. O primeiro remate encarnado foi do argentino, o segundo também, com perigo. Mas é no passe para Cardozo que esteve a arte que trouxe da Bombonera, estádio que idolatra Maradona ou Riquelme, e que esta noite deve ter sentido maiores saudades de Gaitán. Pelo flanco abriu espaços, chamou Emerson para a frente, combinou com Aimar e Cardozo, lá foi procurando brechas no ManUtd, como aquela em que serviu Nolito, aos 66 minutos. Para além do ataque, ajudou sempre que pôde na defesa, tanto à esquerda como à direita, para onde passou na segunda parte. O melhor, entre muito bons encarnados.

. A desilusão: Nani

Começou no banco o que, só por si, é uma desilusão para quem gosta de futebol. Na verdade, o internacional português só se viu no momento da substituição, em que ouviu uma assobiadela tremenda. De resto, pouco fez.

O momento:

O Benfica ficou sempre perto de ganhar o jogo, criou oportunidades para isso, mas a defesa de Artur, aos 64 minutos, foi decisiva. Não só a impedir o 1-2, como também a alimentar a esperança encarnada. E numa noite grandiosa na Luz, o guarda-redes encarnado, com uma defesa, provou que, quase como toda a equipa, merece elogios grandes.

Outros destaques:

Cardozo, quase 64 mil e nem um assobio

Que golaço, recepção primorosa, rotação excelente e tiro certeiro de pé direito, o pior! Lutou imenso entre os centrais do United, tão grandes quanto ele. Procurou sempre ajudar os médios, saiu da marcação e tentou tabelar. Claro, já se sabe que não é futebolista de arrancadas, mas o esforço que colocou e o golo que fez merecera aplausos de mais de 60 mil pessoas. E nem um assobio diga-se, para um futebolista que marcou golos a todos os clubes ingleses que defrontou pelo Benfica. É obra.

Luisão, zagueiro sem samba

Não esteve para bailados em campo, muito menos para ter inveja do implante capilar de Wayne Rooney, a quem não deu tréguas. Luisão foi tão grande quanto o é, um gigante. O capitão pôs toda a equipa em sentido e, por ele, nenhum «red devil» marcava na Luz. No golo de Giggs ainda tentou impedir o remate, sem o conseguir. Não tem culpa. Nesta noite, o «zagueiro» bateu bombo quando se impunha, o samba é para outros.

Lindegaard, decisivo

A noite da Luz foi também de grandes defesas. Lindegaard salvou o United pelo menos três vezes, com grandes estiradas. Ninguém se lembrou de De Gea, ou Van der Sar, pelo menos. Decisivo depois do 1-1, sobretudo a remates de Nolito e Gaitán e a figura do United.

Giggs, ou «that boy Giggsy»

Impressionante a forma como controla o que corre. Só o faz quando é necessário, quando percebe que pode ganhar alguma coisa, já que os 37 anos não dão para loucuras. Mas dão para muita outra coisa, como aumentar ainda mais o recorde de jogador mais velho de sempre a marcar na Champions League. Na Luz, arrancou para um golo brilhante, culminado com um pontapé certeiro. Tudo perfeito no lance, a corrida, o timing de remate, a bola na baliza de Artur. Os adeptos ingleses de imediato entoaram pela Luz cânticos para o galês, um deles em referência a «that boy Giggsy». Teve o 2-1 nos pés, mas Artur negou-o. Anos após ano adia a reforma, ainda bem para o futebol, infelizmente para o Benfica.

Rooney, que diabo

Não marcou, nem esteve perto disso, por causa da acção de Luisão e Garay, já agora. O desempenho os centrais do Benfica fizeram-no procurar terrenos mais recuados e foi aí que mostrou arte de a distribuir jogo. Cada passe, cada bola metida num flanco a esticar a defesa encarnada. Esteve longe, é certo, de merecer grandes elogios. De Rooney espera-se sempre mais. Não foi especial, foi simplesmente influente. E entre esta United, foi bom, que diabo.