O Benfica regressou às vitórias no campeonato, de corpo e alma, consumado o primeiro título da época, digerida a derrota em Alvalade e ultrapassada a eliminação da Champions. Num ato de fé, que durará enquanto o sonho do título for uma possibilidade, os encarnados receberam o Marítimo com convicção e, à luz do dia, golearam para a contestação. Aimar e Saviola brilharam, Nolito bisou a dobrar e Sami reduziu. Segue-se o FC Porto no pequeno ecrã.

Os destaques: Nolito completou o que Aimar e Saviola construíram

Da festa de Coimbra para a realidade de Lisboa, Jesus manteve a aposta em Capdevila e Matic, mas para a frente escolheu Saviola e Cardozo, beneficiando ainda da recuperação de Aimar a tempo de iniciar o jogo. E foi com total empenho na Liga, único objetivo em disputa (além da consequente qualificação para a Champions), que o Benfica se reencontrou com os adeptos, depois dos assobios na final da Taça da Liga e das notícias do adeus do treinador no final da época.

O Marítimo, pelo estatuto de equipa-sensação da prova, como o próprio Jesus destacou na antevisão, foi o adversário que o Benfica necessitava nesta fase de reencontro com os bons resultados. O início foi, por isso, avassalador, mesmo com as claques em silêncio na primeira parte, em protesto para com Luís Filipe Vieira, como se ouviria mais tarde.

Aos 20 minutos, o Benfica vencia já por 2-0 e podia estar na frente por mais, não fosse Peçanha. Primeiro Saviola, logo aos quatro minutos, a forçar a defesa do guarda-redes contra o poste, depois Luisão a picar a bola para desvio do guardião sobre a trave.

Do outro lado Artur limitava-se a assistir e o espetáculo que se seguiria não podia ser melhor. Duas grandes jogadas, dois golos de primeira de Nolito, e uma dupla argentina que não podia ser mais encantadora. Aimar serviu o espanhol para o 1-0, Saviola brilhou para Nolito fazer o segundo.

O mais perto que o Marítimo se aproximou de Artur na primeira parte foi aos 27 minutos, após um remate cruzado de Briguel, que o guarda-redes segurou sem dificuldades. Sami bem tentou um golpe de sorte, aos 35, mas Bruno Paixão não se deixou enganar pela simulação.

Muito pouco para o que o Marítimo já mostrou nesta temporada, mas também muito mérito do Benfica a não permitir que o adversário crescesse.

Nolito bisou na primeira e... na segunda

A perder por 2-0, Pedro Martins mexeu na equipa, trocou Olberdam e Heldon por Benachour e Fidelis, e foi premiado. O médio tunisino lançou Sami nas costas da defesa e o avançado guineense, na frente de Artur, não perdoou, aos 52 minutos.

Estava de volta o Marítimo. E a resposta dos madeirenses não foi melhor porque Artur, apesar de mais espectador até então, foi também decisivo. Três defesas de uma assentada (50m), duas à queima-roupa, Robson e Danilo Dias a não conseguirem bater o guarda-redes encarnado.

Com o jogo novamente, depois um aperto inicial, e mesmo que o marcador não oferecesse garantias, Jesus rendeu Aimar e Saviola, lançou Javi e Rodrigo, para suster e contra-atacar o Marítimo, e os mais de 40 mil adeptos aplaudiram de pé os argentinos.

Nolito, que na primeira parte beneficiou da arte desta dupla, juntou aos dois golos outras tantas assistências. Um final possível, pouco plausível mas que o espanhol construiu com mérito. Primeiro serviu o recém-entrado Rodrigo para o 3-1 (63m), de seguida ofereceu a Bruno César o quarto.

O Benfica está, agora, a um ponto do FC Porto, que recebe mais tarde o Beira Mar. Além da pressão acrescida sobre o líder, os encarnados contribuíram para a luta do Sporting pelo quarto lugar.