Um sopro de vida! Um sopro de vida numa batalha tão intensa que chegou a ser inacreditável. Uma disputa em que ganhava quem chegasse ao fim de pé, perante um campo de guerra devastado por emoções e, por fim, sobrevoado por uma águia imperial, a anunciar o triunfo encarnado, cor de sangue que não houve na Luz, mas que ferveu nas veias de quem o jogou. Até ao último sopro, repita-se.

O Benfica aguentou de pé perante um Sp. Braga mais guerreiro que nunca. Uma equipa que chegou líder a Lisboa, que sai no terceiro lugar, mas com a honra de um perdedor que deu tudo por tudo no campo do rival. O FC Porto também se mete nisto: é líder, agora com os encarnados a um ponto e o Sp. Braga a dois. Aqui, houve uma batalha, mas a guerra do título está longe de acabar e há três candidatos que nela se mantêm.

Mossoró e o estandarte contrário

Os primeiros minutos mostraram um Benfica com atitude de um corajoso soldado medieval, um William Wallace de Braveheart, perante um batalhão adversário. Armas em riste e lançado aos contrários. O problema é que o Sp. Braga tem a organização de um exército romano, dificilmente se desmancha e é paciente. Espera por uma aberta para ferir. Tentou e não conseguiu, também é verdade. E nessas duas ideias se jogaram 45 minutos. Um Benfica com vontade inicial, a acelerar por Maxi Pereira; um Sp. Braga no contra-ataque, mas errático nas definições.

Ocasiões para resolver a batalha da Luz houve poucas no primeiro tempo. Quim deteve um remate de Rodrigo, Artur respondeu no último minuto, em lance de Mossoró, o melhor minhoto no campo. Do lado contrário, era Miguel Vítor quem transportava o estandarte encarnado, impressionante na marcação a Lima, o melhor «artilheiro» da liga. Assim, num jogo intenso, com o Benfica a ter posse de bola, também consentida pelo adversário, chegou-se ao intervalo.

Águia teve força para ainda erguer uma asa

O recomeço foi bom. Muito bom mesmo. Olhava-se para o campo de batalha que era o estádio da Luz e viam-se duelos incríveis, lutas de corpo a corpo (Miguel Lopes e Gaitán, por exemplo Miguel Vítor e Lima sempre), num jogo aberto como nunca estivera na primeira parte.

A um ataque do Benfica, respondia o Sp. Braga. Witsel abriu as hostes com um lance logo no minuto 48. Lima quase feria a águia logo depois. Ataque e resposta, feridas abertas numa e noutra equipa, com Miguel Vítor a ser o primeiro a cair, por lesão.

Ouvia-se o barulho do confronto, mas não se adivinhava um vencedor. Nem mesmo quando Elderson golpeou a própria equipa com uma grande penalidade sobre Bruno César. Sem Cardozo, que dera lugar a Nelson Oliveira, o Benfica chegou ao 1-0 por Witsel. Tinha o adversário pela frente e não perdoou. Não há misericórdia entre Benfica e Sp. Braga. Jamais, os tempos assim o dizem.

Podia prever-se que o triunfo não fugia aos encarnados. Previsões furadas pelo empate de Elderson. Nem mesmo a ferida infligida pelo belga tombou os arsenalistas, habituados cada vez mais a situações adversas.

Levantaram-se, mas não conseguiram manter-se em pé. No último fôlego, a águia ergueu uma asa, Gaitán e Bruno César descobriram espaço e o brasileiro atirou para a vitória redentora dos encarnados. O Sp. Braga ia mesmo ao chão e a glória da batalha ficou para o Benfica, que, ironicamente, deixa o maior rival na liderança e agora espera ter nos minhotos um aliado no próximo fim-de-semana. Esta liga é incrível.