A liga ganhou um líder mais tranquilo, com uma vantagem que já não tinha há quatro anos, mas que teve nesta noite na Luz um adversário incómodo, tão incómodo que foi preciso o Benfica puxar uma genialidade para chegar ao triunfo. Os encarnados aumentam a distância para os perseguidores: 5 pontos mais um para o Sporting, sete para o FC Porto. Markovic faz a diferença.

Não deixa de ser obrigatório lembrar o que o sérvio fez, precisamente, contra esses dois rivais: em Alvalade, marcou ao leão; na Luz, assistiu Rodrigo para o 1-0 ao dragão. O 50 da Luz figura num campeonato que tem um líder mais sólido, apesar de um Vitória de Guimarães que tentou por tudo para deixar a Liga bem viva!

Não havia Maxi Pereira, não havia Garay. Nem Gaitán, nem Cardozo. Quatro titulares (o paraguaio só o deixou de ser por lesão, é bom lembrar). O Benfica tinha de ir à profundidade do plantel buscar soluções. E esse é um ponto que também marca diferenças nesta Liga. Jesus jogou com Sílvio, Jardel e Sulejmani, segundas linhas na Luz, mas que, mesmo sem serem brilhantes, não deixam a equipa cair no rendimento.

Depois, e é inevitável repeti-lo, houve Markovic, um jogador que o Vitória nunca entendeu no primeiro tempo. O sérvio apareceu na direita, no meio e na esquerda para baralhar uma equipa vimaranense bem organizada, que chegou à Luz para discutir o jogo e não ser uma daquelas formações que se remete a defender. Nada disso, este Vitória tornou o triunfo encarnado ainda mais importante do que ele foi, do que ele era mesmo antes de as equipas entrarem em campo.

Aliás, bastava ver a quantidade de remates para se perceber isso. Quer ao intervalo, quer no final do jogo. Oblak teve de fazer uma enorme defesa a remate de Maazou, no lance que melhor espelha a estratégia minhota. Antes disso, já Markovic tinha serpenteado o relvado da Luz com a bola nos pés. Aliás, aos 50 segundos já tinha deixado Sílvio na área para a primeira oportunidade do jogo: Douglas defendeu o remate de Rodrigo. O sérvio teve demasiadas vezes demasiado espaço para correr, inclusive num lance pela esquerda: aquela velocidade ia fazer estragos a qualquer momento.

E fez, quando os papéis se inverteram. Rodrigo era o segundo melhor em campo, descobriu Markovic na área e, como se disse, o génio saiu da 
lâmpada : um golo fantástico, com um toque de classe por cima de Douglas, para depois acomodar a bola no joelho e, por fim, entrar pela baliza adentro. Havia 40 minutos, chegou o intervalo.

Como se disse,
o Vitória foi incómodo. Chegou e pediu ao Benfica para jogar a primeira parte para o meio-campo contrário ao que costuma fazer ainda na moeda ao ar. Depois, foi organizado, tentou a finalização várias vezes no primeiro tempo e na segunda parte quis incomodar ainda mais.

Começou com um remate de Crivellaro e assustou a Luz com um cabeceamento de Maazou e um pontapé de Barrientos. Certo, o Benfica também chegou à baliza contrária. Mas não numa sequência desejável para chegar ao golo e afirmar ainda antes do apito final que não ia desperdiçar a oportunidade dada pelo Estoril no Dragão.

A noite de Enzo e Fejsa era apenas suficiente, porém. Jorge Jesus preferiu guardar Ruben Amorim para os minutos finais e dar tempo de jogo a Salvio. Entre a entrada do argentino e do internacional português, Lima desperdiçou uma jogada de Rodrigo e deixou tudo em suspenso até final, ainda que a entrada de Ruben Amorim tenha metido jogo no congelador e assegurado que os três pontos não fugiam da Luz.

O Benfica de Jesus volta a ter seis pontos de vantagem sobre o segundo classificado (aconteceu com o Sp. Braga em 2009/10, com vantagem minhota no confronto direto), mostrou que a profundidade que tem no plantel pode ajudar bastante numa fase da época em que as vitórias gordas dificilmente surgem e, por fim, que mesmo num dia em que a equipa perde intensidade, há sempre alguém genial a habitar o palco da Luz.