À moda antiga. O Benfica mais acutilante dos últimos anos dizimou, por completo, um Vitória de Setúbal tão fraco, mas tão fraco que raramente fez por merecer a presença no Estádio da Luz. Aliás, sobram dúvidas quando à sua presença real no reduto encarnado. Foram oito (8-1), podiam ser quinze. Não se via tamanha goleada desde 1993/94, frente ao Famalicão de Celestino, então por 8-0, no ano da conquista do título nacional!
Temos candidato. O Benfica de Jorge Jesus apresenta uma dinâmica ofensiva impressionante, com um manancial de soluções que permite chegar à baliza adversária de várias formas e feitios. Com Marítimo e Guimarães, a solução passou pelas cabeças de Weldon e Ramires. Frente ao Setúbal, os dois primeiros golos caíram outra vez dos céus, encaminhados por Javi Garcia (16m) e Luisão (23m).
Eficaz. A formação encarnada, com o mesmo figurino apresentado em Guimarães, marcou cinco golos em seis remates à baliza, ao longo da etapa inicial. Mário Felgueiras defendeu apenas uma bola, entre a enxurrada, vendo mais duas passar ao lado. Não há guarda-redes que resista.
Benfica goleador. Entusiasmante. Equilibrado e tremendamente ofensivo. Benfica a mais para V. Setúbal a menos. Nem parecem da mesma Liga.
Aimar em todo o seu esplendor
Recuemos um pouco. Pablo Aimar esteve em dúvida até ao dia do encontro, mas disfarçou bem. O argentino apresentou-se em todo o seu esplendor e nem deixou o V. Setúbal respirar. Ao minuto 16, Javi García já corria que nem um louco para corresponder a um canto cobrado pelo número 10, antecipando-se ao guardião sadino para inaugurar o marcador.
E agora, pensaram os adeptos? Seria mais do mesmo, com a equipa grande a gerir uma vantagem escassa e a pequena conformada perante a possibilidade de um remate perdido, algures nos minutos finais? Longe disso. O Benfica cresceu, cresceu ainda mais, e atirou o adversário ao tapete. Minuto 23, de novo Aimar a servir, desta vez Luisão. David Luiz ainda ameaçou, mas o golo fica para o gigante. Entre assistências, Pablito assinaria o melhor golo da noite, o quarto, passando a bola por cima de um adversário antes de do remate final. Soberbo.
Cardozo vezes três
Vitória, nem vê-lo. Tudo parecia correr de feição para o Benfica. Javi García, factor de desconfiança inicial pelo elevado investimento, já marcara. Ramires, mais 7,5 milhões de despesa, voltaria a comprovar o seu tremendo potencial. O brasileiro conquistou um castigo máximo, Jesus manteve a confiança e Cardozo respondeu à altura, voltando aos golos. O paraguaio viria a completar um «hat-trick» na etapa complementar. Pelo meio, ainda devolveu a gentileza a Ramires, com uma assistência para...ainda está a contar? Sim, o quinto golo.
E assim, de golo em golo, chegou o intervalo. O Benfica regressou dos balneários em dez minutos, pedindo mais. Mais futebol, mais golos. O arbitro demorou um pouco, o Vitória de Setúbal entrou a queimar o tempo limite, farto daquele pesadelo. Por instantes, em jeito de brincadeira, pensou-se numa deserção em pleno campo de batalha. Nada disso. As gentes do Sado merecem mais. Em velocidade-cruzeiro, os homens de Jesus construíram a goleada histórica. Cardozo fez o sexto, o sétimo e Nuno Gomes fechou as contas encarnadas. Hélder Barbosa atenuou a crise sadina, em cima do apito final. Festa na Luz!