António Simões estava lá. Fez parte da equipa do Benfica que subiu ao relvado a 30 de Dezembro de 1973 e viu o V. Setúbal conseguir um triunfo histórico por 3-2. Foi a primeira vitória dos sadinos no inferno da Luz.
Já lá vão 31 anos, muito tempo para quem leva nas pernas jogos, jogos e mais jogos. Simões, até há bem pouco tempo dirigente do Benfica, já não recorda os pormenores, mas lembra-se do ambiente, da reacção dos encarnados e de um dos adversários. «Lembro-me do José Maria, que fez uma grande exibição. Foi uma prestação fantástica. O Setúbal tinha individualidades que equilibravam um pouco o jogo», diz.
Na realidade, equilíbrio não houve muito. Pelo menos até aos 65 minutos, quando o V. Setúbal já vencia por 3-0. Mas o Benfica fez pela vida e ainda conseguiu «apertar» os sadinos. «O próprio ambiente que se vivia no estádio explica a reacção. Era chamado o Inferno da Luz. Não era fácil para uma equipa ganhar na Luz», conta António Simões, actual director desportivo da Académica. «Também não fazia parte da nossa cultura desistir, mesmo perante um resultado desfavorável como o 3-0. Termos animicamente a força para recuperar e quase evitar a derrota mostra mérito do Benfica, mas também do adversário porque acabou por vencer, apesar da nossa pressão», conta.
No domingo, o V. Setúbal vai de novo à Luz e, como em 1973, também em posição privilegiada. Agora lidera a tabela classificativa em igualdade pontual com o Benfica, na altura estava em segundo, a apenas um ponto do líder Sporting. Só que agora, assume António Simões, as coisas são bem diferentes. «Não são comparáveis nem uma nem outra equipa. Sinto que o futebol perdeu alguma qualidade, mas espero que este jogo seja bom», antecipa o ex-jogador que, ainda assim, atribui o favoritismo aos da casa.