Não foi o Euromilhões, mas o Estoril bem pode dizer que ganhou esta noite a lotaria sonhada: os canarinhos vinham de quatro derrotas consecutivas, mas apuraram-se esta quarta-feira para a final da Taça da Liga, ao vencer o Benfica, nos penáltis.

Curiosamente, os dois jogos destas meias-finais da final-four não foram assim tão diferentes quanto isso. Se na terça-feira houve um claro ascendente do Sporting durante grande parte dos 90 minutos – com muito desperdício –, o mesmo aconteceu esta noite.

E o desfecho foi o mesmo.

Musa, a surpresa de Schmidt

Roger Schmidt surpreendeu no onze inicial: fez regressar João Neves, é certo, mas optou por Petar Musa para a frente do ataque: Arthur Cabral foi preterido.

No Estoril, Vasco Seabra não fez a coisa por menos e fez cinco alterações face à derrota do Arouca: entraram Dani Figueira, Mangala, Wagner Pina, Heriberto e Cassiano para os lugares de Carné, Raúl Parra, Tiago Araújo, João Marques e Alejandro Marqués. Se foi por gestão ou por insatisfação face aos maus resultados recentes, só o treinador o saberá.

Di María pegou cedo no jogo dos encarnados, e foi muito por aí que a equipa de Schmidt construiu os alicerces para uma primeira parte de domínio absoluto.

Guitane abriu a festa canarinha

Mas o futebol joga-se em duas balizas, e na própria o Benfica continuou a demonstrar as mesmas debilidades de sempre, principalmente na transição defensiva. O Estoril não tinha muita bola, mas quando a tinha, era quase sempre capaz de provocar calafrios aos adeptos benfiquistas presentes no estádio.

E numa dessas ocasiões, Guitane trabalhou sobre Morato e fez o 1-0, aos 16 minutos. A festa era canarinha.

FILME E FICHA DO JOGO.

Na verdade, esse golo não alterou nada de muito significante na partida. Talvez apenas um maior desespero do Benfica em procurar o empate. Desespero ou não, a formação de Schmidt conseguiu ter um volume forte de ocasiões, que a ineficácia não permitiu que isso se traduzisse no marcador.

E quando não era a ineficácia, era Dani Figueira – grandes defesas perante Rafa e Di María – a evitar o 1-1.

Otamendi foi à frente mostrar como se faz

Na segunda parte, no entanto, a resistência estorilista durou 13 minutos. A toada da partida não se alterou, nem no domínio vermelho nem na falta de pontaria. E por isso Otamendi, capitão, foi à frente mostrar como se faz, depois de uma bela jogada individual. 1-1 aos 58 minutos.

Só que o Benfica não aproveitou o embalo para ir atrás da reviravolta. O conjunto da Luz teve mais algumas oportunidades, é certo, mas permitiu que o jogo se partisse. E por isso o Estoril conseguiu ter alguns momentos de conforto e de bola longe da baliza.

Dani Figueira e um poste, uma dupla icónica

Só perto do fim o Benfica voltou a carregar. Com mais coração do que cabeça, as águias, quase sempre por um esgotado Di María, estiveram perto de desfazer o empate.

Do lado contrário, a defesa do Estoril foi resiliente e corajosa. Foi apagando os vários «fogos» que apareciam, e quando isso não foi possível, apareceu Dani Figueira: no último lance do jogo, Di María rematou sem deixar a bola para um dos golos do ano. O guarda-redes do Estoril esticou-se e desviou a bola para o poste com uma palmada.

Parecia uma jogada de guião.

A partir daqui, foi a lotaria dos penáltis. Dani Figueira defendeu um, Trubin no outro. No final, o remate falhado de Tomás Araújo fez a diferença a favor do Estoril. A lotaria sonhada foi pintada de amarelo.