Depois de Benfica e Sporting, também o FC Porto anunciou esta quinta-feira o essencial das contas anuais e também ele confirmou uma subida na rúbrica de custos com o pessoal.

A SAD azul e branca teve uma subida nos salários de cerca de 13 milhões de euros, acima dos dois milhões de euros da SAD do Benfica e dos nove milhões da SAD do Sporting.

No entanto, e mais importante, é perceber que grande paga afinal mais em salários.

Ora na última época, já se sabe, foi o Benfica, que teve gastos com pessoal na ordem dos 114,6 milhões de euros (contra 95,4 milhões do FC Porto e 76,4 milhões do Sporting). Se análise for aos últimos seis anos, porém, quem paga mais... continua a ser o Benfica.

A SAD encarnada teve custos com o pessoal acumulados de 565,8 milhões de euros, bem acima dos 523,6 milhões da SAD portista. O Sporting paga bastante abaixo em termos acumulados, somando um total de 412,1 milhões de euros nos últimos seis anos.

Curiosamente, FC Porto, Benfica e Sporting pagaram na época passada valores recorde, nunca antes vistos. Sendo curioso, por exemplo, que o valor recorde do Sporting é inferior ao valor mais baixo do FC Porto nos últimos seis anos.

No entanto, é preciso ter atenção que os custos com pessoal não refletem o esforço que cada clube faz para pagar esses salários. Isto porque, obviamente, as receitas que eles fazem também são diferentes.

A SAD do Sporting tem registado, invariavelmente, rendimentos operacionais (excluindo transações de jogadores) bastante abaixo dos maiores rivais.

Ora por isso, e para se ter uma noção de quanto custa a cada clube pagar o que paga, é preciso fazer uma relação percentual entre custos com pessoal e rendimentos operacionais.

Que é, já agora, o que a UEFA aconselha a fazer.

A UEFA refere até, recorde-se, que nenhum clube deve pagar em salários um valor superior a 70 por cento do que recebe em rendimentos operacionais sem transações de jogadores.

O Maisfutebol fez por isso as contas para perceber que o Sporting acaba por ser o que faz mais esforço em pagar os ordenados que paga. O esforço médio da SAD leonina ao longo das últimas seis temporadas é de 79,3 por cento, bem acima da recomendação da UEFA.

Já FC Porto (esforço médio de 66 por cento) e Benfica (esforço médio de 67,5 por cento) conseguem enquadrar-se dentro do limite do organismo europeu.

Isto apesar destas contas apanharem os anos da pandemia, que provocaram valores percentuais exageradamente irreais: a SAD encarnada pagou nessa época salários que correspondiam a 103 por cento das receitas operacionais e a SAD portista pagou salários que significavam 95 por cento das receitas.

Já o Sporting tem três temporadas acima dos 90 por cento, mais uma acima de 80 por cento. O que impõe explicar. A primeira foi a última temporada de Bruno de Carvalho, que fez um esforço enorme para ser campeão (e não o conseguiu).

A segunda época foi já com Frederico Varandas, que tinha sido eleito em setembro de 2018 e apanhou o plantel construído por Sousa Cintra, com renovações muito altas para resgatar os jogadores que tinham rescindido. A terceira e a quarta temporadas são de pandemia.

O que significa que só depois disso acabam por ser anos normais, notando-se o esforço de Frederico Varandas em equilibrar as contas, com percentagens de gastos com pessoal na ordem dos 54 e 61 por cento das receitas.

Apesar disso, não é possível mudar a análise essencial: nos últimos seis anos, o Sporting foi quem mais pagou em salários (comparando com o que faz de receitas).