O mercado de inverno encerra esta terça-feira no futebol nacional e até ao momento a grande novidade é sobretudo a saída de Gonçalo Guedes do Benfica para o Paris Saint-Germain.

O avançado de 20 anos, duas vezes internacional pela Seleção Nacional A, rumou ao campeão francês numa transferência de 30 milhões de euros e confirmou uma tendência dos últimos anos no clube encarnado: na última década tem sido comum o Benfica vender um jogador importante no plantel em janeiro.

Assim foi em 2014/15, quando o médio argentino Enzo Pérez saiu para o Valência por 25 milhões de euros.

Não foi caso único. Nos últimos anos o Benfica não tem recusado vender pedras importantes da equipa a meio da época quando surgem boas propostas em cima da mesa.

Antes de Enzo, na época imediatamente anterior (2013/14) Nemanja Matic saiu no mercado de inverno também a troco de 25 milhões de euros. O destino foi o Chelsea, o mesmo de David Luiz que no último dia de janeiro de 2011 saiu da Luz para Stamford Bridge. O preço? 25 milhões de euros, mais o passe de Matic – que, sublinhe-se, três épocas depois iria render o mesmo valor para regressar aos blues.

No caso de Enzo e Matic, a saída não comprometeu o título nacional. No de David Luiz, bem podia dizer-se que o Benfica muito dificilmente estaria ainda na luta pelo título em 2010/11, já que à viragem para a segunda volta levava já 10 pontos de desvantagem em relação ao então líder e futuro campeão FC Porto.

Em todo o caso, na última década o Benfica transferiu em janeiro pedras não tão nucleares no onze como Bruno César (Al Ahli, em 2012/13), ou vendeu jogadores cedidos como Bernardo Silva, que foi oficializado no Mónaco em janeiro de 2015, por 15,75 milhões de euros, depois de um período de empréstimo.

Uma situação semelhante à de Hélder Costa, que esta segunda-feira foi oficializado em definitivo no Wolverhampton, do Championship, onde estava cedido, por uma verba não divulgada.

Outros jogadores importantes do plantel podiam ter sido transferidos durante esta reabertura de mercado. O primeiro potencial alvo para uma venda terá sido Victor Lindelöf para o Manchester United. Depois do defesa-central sueco foi noticiado a deslocação do presidente do Benfica Luís Filipe Vieira e do empresário Jorge Mendes à China para negociarem uma possível transferência milionária do avançado mexicano Raul Jiménez, que acabou por não se concretizar.

FC Porto e Sporting evitam vender em janeiro

O Benfica não é, porém, o único grande que aproveita a janela de transferências para promover algumas saídas sonantes no plantel.

Neste mercado de inverno o FC Porto prescindiu de Evandro, vendido por 2,5 milhões para o Hull City, agora orientado por Marco Silva, e de Silvestre Varela, que saiu a troco de meio milhão para os turcos do Kayserispor – além da cedência de Adrián López ao Villarreal.

Tudo jogadores dispensáveis e com menos peso do que aqueles que saíram em janeiro do ano passado, quando os dragões permitiram a venda de Giannelli Imbula, um avultadíssimo investimento, para o Stoke City por 24 milhões de euros, dispensando também Osvaldo para o Boca Juniors e pondo fim à cedência de Cristian Tello (cedido pelo Barcelona à Fiorentina).

No entanto, ao contrário do Benfica, o FC Porto não tem vendido pedras nucleares do onze-base no mercado de inverno. Aliás, esse tem sido um ponto de honra para Pinto da Costa ao longo da sua presidência. Uma quase exceção será a venda em janeiro de 2014 de Lucho González ao Al Rayyan da Arábia Saudita. Ainda assim, numa fase menos influente da carreira do médio argentino pelos azuis e brancos.

Exceção na política de vendas do Sporting foi também a venda em janeiro do ano passado de Fredy Montero ao Tianjin Teda. O avançado colombiano era um elemento importante nas opções de Jorge Jesus mas os cinco milhões apresentados pelo clube chinês convenceram o presidente do Sporting Bruno de Carvalho e ajudaram na tesouraria da SAD de Alvalade.

Esta época, as saídas a meio da época são de reforços que não convenceram de reforços, Elias (Atlético Mineiro) e Markovic (Hull City), além de João Pereira, que saiu para o Trabzonspor.

No entanto, sublinhe-se, FC Porto e Sporting não têm vendido jogadores tidos como influentes na equipa. Ao contrário do Benfica, que nas últimas épocas tem conseguido bons encaixes financeiros e manter o nível competitivo. Esta fórmula de sucesso continuará a surtir efeitos nesta temporada?