Mário Coluna morreu faz esta quarta-feira um ano. O Monstro Sagrado faleceu cerca de um mês depois de Eusébio, que mesmo nos píncaros da fama nunca deixou de o tratar por «senhor Coluna».
 
A deferência do Pantera Negra é compreensível: quando Eusébio chegou ao Benfica, já Coluna era uma referência absoluta da equipa, que liderava rumo a um terceiro título nacional e à primeira vitória na Taça dos Campeões Europeus, em 1961.
 
O génio de Eusébio acelerou o sucesso desportivo do Benfica e Coluna terminou a carreira como um dos mais bem-sucedidos jogadores portugueses, com 10 campeonatos, sete Taças de Portugal e duas na Taça dos Campeões Europeus no currículo.
 
Nascido em Inhaca, em Moçambique, a 6 de agosto de 1935, então uma das colónias de Portugal, Mário Esteves Coluna será lembrado muito depois da sua morte, a 25 de fevereiro de 2014, aos 78 anos, em Maputo, vítima de uma infeção pulmonar grave.
 
O Benfica reconheceu cedo o talento do médio, que após uma curta passagem pelo Desportivo de Lourenço Marques, foi contratado pelo clube encarnado: chegou em 1954, com 19 anos e uma reputação de goleador.
 
O treinador brasileiro Otto Glória, porém, tinha outra ideia. Com José Águas, de quem herdou mais tarde a braçadeira de capitão, como titular indiscutível do ataque, Coluna viu-se na contingência de recuar para a posição de médio ofensivo.
 
Acabou por ser um dos melhores do mundo da posição.


 
Ao lado de nomes como Costa Pereira, Ângelo e José Águas, aos quais se juntaram mais tarde José Augusto, Simões, Torres, Cavém e Germano, formou provavelmente a melhor equipa da centenária história do Benfica, responsáveis pela conquista dos dois únicos troféus europeus, com vitórias nas finais de 1961, frente ao FC Barcelona (3-2), e 1962, perante o Real Madrid (5-3).
 
Coluna marcou em ambas, na sequência de fortes pontapés de fora da área - uma das suas imagens de marca -, apenas dois dos 127 golos que concretizou com a camisola encarnada, em 525 jogos oficiais, nas 16 épocas que passou no Benfica.
 
Para além do sucesso no Benfica, da história de Coluna há também a destacar o sucesso ao serviço da Seleção Nacional. Coluna capitaneou Portugal no Mundial de 1966, em Inglaterra, onde obteve o seu melhor resultado de sempre, ao terminar no terceiro lugar.
 
Estreou-se também aos 19 anos, a 4 de maio de 1955, num particular com a Escócia, que terminou com uma derrota por 3-0 e disputou o último dos 57 jogos internacionais a 11 de novembro de 1968, frente à Grécia, que também se saldou em derrota (2-4).
 
Na reta final carreira, disputou uma temporada ao serviço dos franceses do Lyon, regressando depois a Portugal, para ingressar no Estrela de Portalegre, no qual iniciou uma curta experiência como treinador, que teve passagens ainda pelo Benfica do Huambo e Ferroviário de Maputo.
 
Regressou a Moçambique após a independência, onde foi deputado e presidente da Federação Moçambicana de Futebol, tendo sido agraciado com o Colar de Honra ao Mérito Desportivo do Governo português e integrado a equipa do século da Federação Portuguesa de Futebol.
 
Foi em Moçambique que morreu, a 25 de fevereiro de 2014.