«Para um clube como o nosso, diria que nos saiu o Euromilhões.»

É desta forma que José Sequeira, presidente do Sintrense, reage um dia depois da oficialização da venda de Nélson Semedo do Benfica ao Barcelona por um valor base ligeiramente superior a 30 milhões de euros (€ 30.569.728).

Em conversa com o Maisfutebol, o dirigente já tem as contas mais ou menos feitas. Diz que espera que em breve dê entrada nos cofres do clube da Portela de Sintra uma verba «a rondar os 500 mil euros». «A informação que nos deram é que temos direito a 0,5 por cento por cada ano em que ele jogou no Sintrense», diz, socorrendo-se do mecanismo de solidariedade da FIFA, criado para compensar os clubes formadores em transferências futuras.

E o tal Euromilhões? Que destino vai ter? «A opinião dos sócios vai ser fundamental, mas a nossa ideia é investir em duas vertentes: melhorar as instalações e as condições de apoio dadas às equipas de formação, ao nível dos transportes e de toda a logística», acrescenta, sublinhando que a situação financeira do Sintrense é estável e que, por isso mesmo, será possível investir mas sempre a pensar na sustentabilidade futura.

José Sequeira fala em dupla felicidade por ver Nélson Semedo chegar ao Barcelona. Pelo clube e pelo jogador, que conhece desde os 16 anos. «Lembro-me que ele jogava a médio ofensivo, pela ala direita. O Luís Loureiro, que era o treinador na altura, identificou as potencialidades que ele tinha, fez a pré-época com os seniores quando ainda era júnior e já não saiu de lá. Era um miúdo humilde, muito empenhado e focado. Notava-se que estávamos na presença de um jogador com muito potencial. Sempre acreditámos que que poderia chegar a um nível mais alto, mas teve um crescimento acima do normal em pouco tempo. Foi um grande orgulho vê-lo chegar onde chegou: à Seleção Nacional e agora ao Barcelona.»

Eleito dirigente máximo do Sintrense há dois anos, José Sequeira foi vice-presidente do clube entre 2010 e 2015. Por isso acompanhou de perto a saída de «Nelsinho», como ainda lhe chama, para o Benfica no verão de 2012. Na altura, o agora jogador do Barcelona rumou aos encarnados juntamente com Manel Liz, extremo quatro anos mais velho. «Com rigor, o Sintrense recebeu 110 mil euros pelos dois jogadores», revela o dirigente, descontando os valores que ficaram nas mãos de intermediários.

Do lado de lá da linha telefónica, percebe-se o orgulho na voz de José Sequeira enquanto fala da mais recente venda milionária do Benfica, a terceira no espaço de um mês, depois de Ederson e Lindelöf. Ri quando pesamos aqueles valiosos 110 mil euros ao lado dos 30 milhões que Barcelona pagou por ele há dias. «Já viu? É incrível. E o Nelsinho só ganhava 50 euros por mês», remata.

O que diz a contribuição de solidariedade: épocas de Nélson Semedo no Sintrense a negrito

- Época do 12.º aniversário, 5% (i.e. 0,25% da compensação total);

- Época do 13.º aniversário, 5% (i.e. 0,25% da compensação total);

- Época do 14.º aniversário, 5% (i.e. 0,25% da compensação total);

- Época do 15.º aniversário, 5% (i.e. 0,25% da compensação total);

- Época do 16.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total);

- Época do 17.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total);

- Época do 18.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total);

- Época do 19.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total);

- Época do 20.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total);

- Época do 21.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total);

- Época do 22.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total);

- Época do 23.º aniversário, 10% (i.e. 0,5% da compensação total).

TOTAL: 525 mil euros = 1,75 por cento da compensação total

Artigo atualizado: data original 15-07-2017 23:51