Tantas vezes transportado da publicidade para o «futebolês», o lema «a solução estava no banco» não tem sido propriamente seguido por Jorge Jesus esta época. Neste domingo, em Braga, o Benfica sofreu a primeira derrota na Liga 2014/15, e o técnico só fez uma substituição, lançando Jonas para o lugar de Samaris.

Júlio César, André Almeida, César, Cristante, Pizzi e Jara também estavam no banco, mas por lá ficaram. Curiosamente, Jesus adotou postura semelhante no outro jogo em que o Benfica perdeu pontos: o empate caseiro com o Sporting. Na ocasião o treinador das «águias» só trocou Talisca por Derley, a cinco minutos do fim. Júlio César, Lisandro, Samaris, Pizzi, Bebé e Ola John não saíram do banco.

Foram as duas únicas ocasiões, esta época, em que Jorge Jesus não esgotou as substituições a que tem direito, e nos dois jogos em que a equipa cedeu pontos na Liga.

Deixar alterações por fazer não é propriamente uma raridade, é certo. Nas cinco temporadas anteriores como treinador do Benfica, Jesus não esgotou as substituições em dez ocasiões. Mas só na visita a Cinfães, para a Taça de Portugal 2013/14, é que limitou-se a fazer uma troca. Esta já é uma situação mais rara, e que Jesus repetiu duas vezes esta época, em que jogos cujo resultado não foi favorável.

«Cada treinador tem os seus conceitos, as suas estratégias. Se Jesus entendeu que não era necessário mexer mais na equipa, foi por entender que a equipa estaria a corresponder ao que ele queria naquele momento», entende Diamantino Miranda, contactado pela  MF Total.

Mas questionado sobre uma eventual quebra na qualidade do plantel, esta época, o antigo jogador encarnado defende que isso «é notório». «Menos opções não tem, mas menos qualidade tem. O presidente tem feito um esforço enorme para dotar a equipa, nomeadamente desde que chegou o atual treinador. Não só para o campeonato, mas também para fazer boa figura na Liga dos Campeões», destaca.

O treinador lembra, no entanto, que «esta época o clube viu-se forçado a abrir mão de alguns jogadores, não por vontade própria, mas por incapacidade para os manter». «Soluções tem muitas, mas o que se pode apontar aqui é a qualidade. Os centrais não são o Garay, o Derley não é o Rodrigo…», aponta.

E qual será a reação dos jogadores quando o treinador prefere não mexer na equipa, mesmo quando o resultado não é favorável? Diamantino responde que «tudo depende da relação».

«Se o grupo confia no treinador, então não haverá nenhum mal. Se o grupo não confia no treinador, então pode existir um problema. Mas tendo em conta o trabalho que tem sido desenvolvido, e apesar de considerar que o Benfica podia ter conquistado mais qualquer coisa com o Jesus, penso que as coisas têm corrido bem, e isso é sinal de que os jogadores confiam no treinador», explica.

Os jogos que Jorge Jesus não esgotou as substituições no Benfica:

2009/10
Liga: Rio Ave-Benfica, 0-1 (duas substituições efetuadas)
Taça da Liga: V. Guimarães-Benfica, 1-1 (duas substituições)

2011/12
Liga: Gil Vicente-Benfica, 2-2 (duas substituições)

2012/13
Liga Europa: Benfica-Fenerbahçe, 3-1 (duas substituições)
Liga: Benfica-Estoril, 1-1 (duas substituições)

2013/14
Liga: V. Guimarães-Benfica, 0-1 (duas substituições)
Taça de Portugal: Cinfães-Benfica, 0-1 (uma substituição)
Liga: Benfica- FC Porto, 2-0 (duas substituições)
Liga: Benfica-Sporting, 2-0 (duas substituições)
Liga: Benfica-V. Guimarães, 1-0 (duas substituições)

2014/15
Liga: Benfica-Sporting, 1-1 (uma substituição)
Liga: Sp. Braga-Benfica, 2-1 (uma substituição)