A goleada do Sporting sobre o Benfica por 7-1 completa esta quinta-feira 31 anos. A 14 de dezembro de 2011, por ocasião das bodas de prata, o Maisfutebol realizou uma reportagem sobre esse jogo eterno. Recorde algumas histórias.

Quem lá esteve não se esquece. Quem não esteve também não. Há 31 anos, o Sporting recebeu o Benfica, no José Alvalade. Os dois rivais defrontavam-se para o campeonato pela enésima vez na História. Derbies houve que ninguém recorda. Mas aquele de 14 de Dezembro de 1986 não. Aquele todos lembram, numa simples frase: «Os 7 a 1.»

A rivalidade entre Benfica e Sporting estava ao rubro em 1986. Os encarnados tinham goleado os leões em Março, para a Taça de Portugal, por 5-0. Em Abril, as águias entravam para o derby da segunda volta com mais dois pontos que o FC Porto. O Benfica podia ser campeão frente ao Sporting, caso vencesse o rival e os dragões não ganhassem no Bonfim. Mas o leão foi à Luz ganhar e roubou o título ao Benfica, com os portistas a passarem para a frente nessa penúltima jornada. Estávamos em 1985/86.

Fomos atrás da bola, e descobrimo-la

O derby seguinte, em 1986/87 ficou para a eternidade. O Benfica liderava. O Sporting era quarto, com menos cinco pontos. Manuel José era contestado no banco leonino, Mortimore não era simpático, mas estava na frente de todos. Até que...

Na verdade, ao intervalo, nada fazia prever a maior goleada de sempre nos derbies. Mário Jorge tinha marcado cedo, aos 15 minutos, e quando as equipas saíram para o descanso havia 1-0. Manuel Fernandes aumentou a vantagem, mas com meia hora para jogar havia 2-1. Vando a reduzira.

«Senti-os sem capacidade de reacção, apáticos, bloqueados, nós movimentávamo-nos e não éramos acompanhados. O nosso terceiro golo aniquilou-os, depois do entusiasmo com que procuravam chegar ao 2-2», recordou Manuel Fernandes.

Ao intervalo, Toni pensava que ia vencer

O avançado marcou quatro golos no encontro. Ninguém fez mais do que ele num derby. Peyroteo e Lourenço (Sporting), Joaquim Teixeira e Eusébio (Benfica) «só» conseguiram fazer igual.

A proposta do Benfica que o fez tremer

«Nos últimos 15 minutos, senti que em vez de sete golos podiam ter sido oito, nove, dez ou onze, porque o Benfica, que na altura liderava o campeonato, era uma equipa entregue», lembra a glória leonina.

Em Alvalade, ainda o jogo decorria, os benfiquistas queimavam cachecóis e bandeiras, em protesto pelo embaraço. As consequências dos «7 a 1» foram bem diferentes, no entanto, para os dois emblemas de Lisboa. Por exemplo, Manuel Fernandes saiu do Sporting no final dessa época. Embora esteja no clube eternamente, graças àquele 14 de Dezembro de 1986 e porque não aceitou uma proposta do rival, anos antes.

«Quando fomos campeões em 1979/80 houve um dirigente do Benfica, já falecido, que me levou para um pinhal na Coina e me apresentou uma proposta que me deixou todo a tremer», contou. «Tremi, mas não vacilei, adorava tanto o Sporting que para mim era impensável jogar num rival», continuou. «Disse logo a esse dirigente do Benfica que aquilo era dinheiro a mais. Não o ganhei nos 12 anos com o Sporting», concluiu.

Manuel Fernandes nunca mais marcou num derby depois dos 7-1. Mas garante, com a experiência de uma vida de rivalidade: «O sentimento é sempre o mesmo: este é o jogo do ano, não se pode perder!»

As equipas:

Sporting: Damas, Gabriel, Venâncio, Virgílio, Fernando Mendes (Duílio, 78), Oceano, Zinho, Litos (Silvinho, 78), Mário Jorge, Manuel Fernandes e Meade.

Benfica: Silvino, Veloso, Dito, Oliveira, Álvaro, Shéu (Nunes, 58), Carlos Manuel, Diamantino (César Brito, 72), Vando, Chiquinho e Rui Águas.

Marcadores: 1-0, Mário Jorge (15); 2-0, Manuel Fernandes (50), 2-1, Vando (59), 3-1, Meade (65), 4-1, Mário Jorge (68), 5-1, Manuel Fernandes (71), 6-1, Manuel Fernandes (83), 7-1, Manuel Fernandes (86)

Veja os golos: