A FIGURA: Rafa

Esteve sempre ligado à corrente e foi um maior dos desequilibradores do Benfica, recebendo várias vezes a bola entrelinhas, o espaço onde é mais perigoso quando tem o espaço que lhe concederam neste sábado. Foi carregado com várias faltas, mas nem isso o impediu de fazer um grande jogo. Esteve no 1-0, assistiu com altruísmo Di María para o 2-0 e fez uma boa abertura para o argentino na jogada do 3-0, assinado por Kökçü. A abrir a segunda parte entregou uma bola de golo a João Mário numa jogada que terminou com o golo de Aursnes. E aquele toque na bola junto à linha lateral aos 38 minutos?! Noite inspiradíssima do 27 das águias, que merecia um golo para coroar uma grande exibição.

O MOMENTO: expulsão de João Mendes. MINUTO 19

O Vitória já perdia por 1-0 e, apesar do natural maior ascendente do Benfica, a boa réplica dos minhotos nos primeiros minutos do jogo transmitia a ideia de que os encarnados não tinham o jogo controlado. A equipa de Paulo Turra já tinha somado algumas transições perigosas e até um remate ao poste de Jota Silva (bandeirola foi levantada mas o fora de jogo ficou por confirmar). Numa disputa de bola, João Mendes falhou o timing e atingiu Otamendi no rosto. A partir daí, o Vitória foi outra equipa e o jogo, «rasgadinho» até então, tornou-se mais óbvio.

OUTROS DESTAQUES

Di María: nos primeiros minutos teve duas ações desastrosas. Na primeira, quando estava em excelente posição para marcar, tentou o chapéu a Bruno Varela, mas entregou a bola ao guarda-redes dos vimaranenses; na segunda, falhou um passe que abriu caminho para uma jogada (fora de jogo por confirmar) que terminou com a bola no poste esquerdo de Samuel Soares. Depois disso, reencontrou-se com a sua melhor versão e esteve nos três golos dos encarnados na primeira parte. Arrancou o cruzamento que Jorge Fernandes desviou para a própria baliza, fez o 2-0 e serviu Kökçü para o terceiro. Pode já não ter a velocidade de outros tempos, mas a capacidade para ler o jogo, com e sem bola, antes de quase todos os outros dá-lhe uma vantagem tremenda. E isso têm-no dois tipos de jogadores: os experientes e os predestinados. Di María é os dois.

Aursnes: um dia depois da chegada de Bernat à Luz, o utilitário norueguês fez a melhor exibição desde que Roger Schmidt descobriu mais uma posição para ele desempenhar com eficácia. Integrou-se de forma exemplar nas ações ofensivas, mostrando ótimo entendimento com João Mário, assinou o 4-0 a abrir a segunda parte e pouco depois arrancou um túnel a um adversário e serviu Musa, mas o 5-0 foi devolvido pela barra.

João Mário: não foi só importante nos equilíbrios. Mostrou muito envolvimento no jogo ofensivo da equipa, servindo os companheiros de forma exemplar e tendo também oportunidades para marcar, mas não levou a melhor sobre Bruno Varela. Teve papel fulcral no 2-0 com uma recuperação em zona alta e o 4-0 nasce de uma recarga de Aursnes a um remate dele. Ainda não foi desta que se estreou a marcar em 2023/24, mas o João Mário desta noite aproximou-se do da época anterior. Melhor exibição da época.

Kökçü: assinou o golo da noite já bem perto do intervalo. Jogo de enorme regularidade ao longo dos 90 minutos, com excelente leitura de jogo com bola.

Bruno Varela: sem culpas nos golos sofridos, ainda evitou males maiores para a equipa minhota. Negou o golo a João Mário em três ocasiões e por uma vez a Musa.