Paulo Bento fica grato ao Sporting pelas oportunidades que lhe deu, mas fiel a si mesmo, não deixa de assumir algumas críticas à mentalidade encontrada no clube, em determinados aspectos.

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O técnico entende que os adeptos «devem deixar de ter um complexo de inferioridade» relativo ao Benfica, identificando uma «depressão» motivada pelos resultados de pré-época do rival. Embora tenha ficado à frente do Benfica ao longo de quatro anos, Paulo Bento diz que isso «nunca deu um gosto especial». «Nunca ninguém me ouviu dizer, nem a mim nem aos jogadores, que esse era o objectivo», sustentou, em entrevista à TVI.

O ex-treinador leonino lembrou que o Sporting «desde 1960, só ganhou oito campeonatos», sustentando assim a opinião de que «o clube não tem cultura vencedora». Daí que o desejo para o sucessor seja o de «ganhar mais e que ficar no clube mais tempo».

Ao Sporting não guarda qualquer rancor, mas Paulo Bento não esconde uma distinção que faz, relativamente a alguns adeptos: «Separo o adepto fiel, correcto e sensato, que discorda por ter razões para isso, por ter esse direito. Já não me revejo no adepto que diz estar sempre connosco, mas é só quando lhe convém.»

«Condições foram piores de ano para ano»

Na entrevista à TVI Paulo Bento voltou a afirmar que esteve quatro meses a mais no Sporting, pois devia ter terminado em Junho «um ciclo que era positivo». O técnico garante, no entanto, que nunca foi iludido pela SAD, no que diz respeito aos meios que teria à sua disposição.

«Ano após ano as condições foram sempre inferiores, mas eu sabia ao que ia. Sabia que ia lutar pelos mesmos objectivos, com menos meios», reiterou, para depois lamentar a saída de Derlei e as ausências, por lesão, de Polga e Izmailov.

Paulo Bento entende que os maus resultados deste início de época estão associados à maturidade da equipa. «Quando havia menos responsabilidade a equipa jogava melhor», começou por dizer. «Os jogadores começaram cedo a ser demasiado pessimistas. Onde havia uma oportunidade, havia perigo», acrescentou.