Paulo Bento não escondeu a desilusão provocada pela forma como Ricardo Carvalho abandonou a Selecção Nacional, dois dias antes do jogo com o Chipre. O seleccionador confirmou que o central ia ser suplente em Nicósia, e que terá sido isso a motivar uma decisão que reprova de forma clara. «Houve alguém que desertou», disse.

«Vamos seguir a nossa vida. É um jogador que fez 75 internacionalizações, e que merece o nosso respeito pela parte desportiva. Repudiamos o virar de costas, aos colegas e à Selecção», disse o técnico. «Aquilo que posso dizer é que é um facto que não ia jogar de início. E é um facto que, por muito que nos preparemos para muitas situações, é difícil estar preparado para isto», referiu ainda.

Paulo Bento está convicto que a atitude do jogador do Real Madrid «foi uma surpresa para toda a gente». «Estamos a almoçar, a perspectivar a viagem, e sabemos que um jogador resolveu ir embora, abandonando os colegas e o país. A situação é melhor do que já tivemos, mas continua complicada. É uma atitude individual pela qual tem de ser penalizado.»

O seleccionador garantiu ainda que a decisão de Ricardo Carvalho não foi consequência de nenhuma conversa entre ambos, já que a situação nunca foi discutida entre ambos: «Na quarta-feira de manhã treinou, e que fique claro que treinou bem. E depois desertou, foi à sua vida. Ele perspectivou que não ia jogar pelo treino. Se sentisse que ia jogar, não deixava o estágio. De acordo com o nosso plano, ele entendeu ter outro plano, o plano de fuga.»

Mesmo que Ricardo Carvalho não tivesse renunciado à equipa das quinas, poucas horas depois de ter abandonado a concentração, o técnico garante que as portas ficariam fechadas: «Enquanto eu fosse seleccionador não viria mais.»

Paulo Bento negou, contudo, que o afastamento de Bosingwa se deva a um episódio parecido: «As informações não são verdadeiras, o que é grave. O jogador lesionou-se no treino de 3ª feira, antes do jogo com a Argentina. Sentiu dores no joelho, e disse ao departamento médico que não estava em condições de jogar. Não tive conversa nenhuma com ele, como não tive com o Ricardo Carvalho.»

O mais difícil foi conseguido, agora é segurar

Garantindo que o ambiente «está fantástico como sempre», Paulo Bento assumiu a importância do jogo com o Chipre. Alcançado o mais difícil, que era chegar ao primeiro lugar, importa agora não complicar.

«Espero que possamos manter o lugar que tanto nos custou a conquistar», disse. «As sensações que tinha eram boas, e vi isso confirmado na semana de trabalho. O empenho tem sido o necessário, com a capacidade para fazer no treino aquilo que perspectivamos como plano de jogo. Estamos bem preparados para enfrentar um adversário que já nos criou complicações em Portugal. Tem cinco golos, quatro marcados a nós. Tem dois pontos, metade contra nós», alertou.

«Fizemos nove pontos em nove possíveis, com sete golos marcados e dois sofridos. São números importantes, que dão confiança à equipa, mas é um facto que estamos numa posição em que qualquer resultado que não seja ganhar deixa o primeiro lugar quase impossível. Na posição em que estamos, devemos alimentar o desejo de garantir o primeiro lugar. Temos todas as condições para sair do Chipre com um bom resultado, que é ganhar», resumiu o técnico, em conferência de imprensa.