Centenas de pessoas passaram esta sexta-feira pela igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, para se despedirem de Manuel Bento, falecido na quinta-feira.
Houve algumas caras conhecidas, mas sobretudo muitos anónimos, que quiseram dizer de perto um último adeus à antiga glória do Benfica e da Selecção. Alguns velhos conhecidos partilharam os seus testemunhos e recordações de Bento, que pode ler aqui.
O corpo de Bento será cremado este sábado no cemitério dos Olivais, pelas 19h.
José Augusto, ex-jogador e treinador:
«A memória mais positiva que guardo é do Euro 84. Lembro-me também que, quando o levei para o jogo de despedida do Coluna (Dezembro de 1970), o treinador viu um rapaz de média estatura e ficou com dúvidas, mas eu disse que punha as mãos no fogo pelo Bento. Na segunda parte já o treinador dava saltos de contentamento com as defesas dele. O Lev Yashin não pôde ir e foi o Bento, para jogar pela selecção do resto do Mundo. Estive com ele na gala do Benfica, na quarta-feira, e nada fazia prever.»
Octávio Machado, ex-jogador e treinador:
«Bento marcou-me pela amizade. Era um homem de carácter, que deixa saudades a todos os que privaram com ele. Tenho um enorme respeito e amizade, quer como amigo, quer como adversário.»
Álvaro Magalhães, ex-jogador e treinador
Era um amigo, um colega, um verdadeiro campeão, tanto dentro como fora de campo. Parte um campeão que ajudou muita gente. Esta é a derrota mais difícil. É o dia mais triste da minha vida, porque é um amigo que parte, um amigo de muitos anos de clube, da selecção. Foi um homem que me ajudou muito e, mesmo depois de acabarmos as carreiras, era uma pessoa por quem tinha consideração. Lutei por tê-lo nos juniores do Benfica há três anos, porque era um valor que sabia o que era a mística do Benfica. Agora não há memórias, porque ele já faleceu. Devem-se recordar é quando estão vivos. Vai deixar-nos saudades, como todos os outros que partiram.»
Manuel de Oliveira, ex-treinador de Bento no Barreirense:
«Foi meu jogador dos 18 aos 21 anos. Foi dos cinco melhores guarda-redes portugueses. Era um miúdo extraordinário, super trabalhador. Tinha um bocadinho de génio. Era um grande chefe de família e chegava onde chegavam os grandes. Dava um pontapé à espanhola e tocava com os pés na trave, coisa que os outros não fazem.»
Artur Correia, ex-jogador:
«O Bento lutou sempre para tirar a titularidade ao Zé Henrique e conseguiu. É um lutador e foi um privilégio jogar com ele. Sabia como eu queria que ele lançasse a bola, era redondinha. Foi uma grande perda para todos.»
Laurentino Dias, secretário-geral do Desporto:
«Queria deixar uma palavra para a família, que é quem mais sofre. Quero também prestar homenagem em nome do desporto português a alguém que foi um grande desportista, um grande futebolista, que honrou as camisolas que vestiu, nomeadamente do Benfica e da Selecção. É o segundo grande guarda-redes da minha juventude que desaparece, depois do Damas.»