Bernardino Pedroto é um treinador feliz. Percebe-se isso no primeiro contacto. Esboça um sorriso, diz «obrigado», volta a sorrir de novo. Está contente. E tudo vai ao encontro do ASA. Venceu a Taça de Angola frente ao Inter de Luanda (1-0) e isso permite ao treinador português somar o seu quarto título em terras africanas depois de ter vencido três campeonatos nacionais competitivos.
Antes de mais, um parêntesis: «Acho que sou um treinador de coincidências». Bernardino Pedro explica: «Em 2002 fui campeão pelo ASA precisamente quando se comemorava um ano de paz em Angola, uma data com muito significado para este povo. Agora, o ASA vence a Taça no dia do trigésimo aniversário da independência. São coincidências muito grandes. Mas, como é lógico, dedico este triunfo ao povo angolano, que merece um estímulo muito grande porque é extraordinário».
Mas não foi uma vitória fácil. Aliás, foi um triunfo «com alguma felicidade», como reconhece o treinador português depois de ter defrontado um adversário incómodo: «Foi um jogo difícil. Não estivemos bem na primeira parte, mas melhorámos no segundo tempo, equilibrando o jogo. O adversário teve algumas oportunidades, mas fomos nós quem marcámos. Num jogo assim, quem marcasse ganhava e nós tivemos o nosso mérito». Com o golo a surgir aos 82 minutos.
Expulso no final do jogo
Mesmo assim, Bernardino Pedroto sofreu fora das quatro linhas e longe do banco de suplentes, porque foi expulso perto do apito final: «Às vezes, não há compreensão por parte do quarto árbitro. Estava de pé, a dar indicações aos meus jogadores, mas, aqui, às vezes, parece que não se pode estar de pé. Mas tudo bem. A minha expulsão, se calhar, foi uma mancha negra, mas já lá vai¿»
Por último, o treinador do ASA sonha com o regresso a Portugal, mas sabe que as circunstâncias não são fáceis numa altura em que o futebol lusitano atravessa uma grave «crise financeira» e o número de técnicos desempregados aumenta. «Gostava de regressar, claro». Mas há contactos? «Tive convites, mas sempre em alturas impróprias, quando podia ser campeão pelo ASA. Vou ficar aqui mais um ano e depois gostava de regressar».