Beto nunca foi figura consensual na Luz. No ano de estreia foi muito utilizado por Ronald Koeman, mas mesmo nessa altura não conseguiu gerar consensos. Tocou o céu frente ao Manchester United, foi um dos heróis de Liverpool, mas depois passou a réu na eliminação de Barcelona. Depois veio Fernando Santos, e o médio brasileiro passou a estar mais vezes no banco do que dentro do campo. No final do segundo ano de contrato rumou ao Sion. Saiu pela porta pequena, mas não guardou ressentimentos. «Nem Jesus agradou a todos, quanto mais o Beto», argumenta.
«Quando cheguei toda a gente dizia que não me ia adaptar. Entrei com muita força, com garra, e mostrei que tinha condições para representar o clube. Koeman confiava em mim, foi um técnico muito importante na minha carreira», recorda o brasileiro, ao Maisfutebol
Com Fernando Santos a situação mudou. Beto passou a jogar consideravelmente menos, mas garante que sempre respeitou as opções do técnico. «Ele trouxe o Katsouranis, que já era jogador dele. Já se conheciam. A mim restava trabalhar e esperar por oportunidades. Fiquei tapado e fiz poucos jogos», lembra.
Beto fez mais de trinta jogos na primeira época de águia ao peito. Na segunda fez uma dezena, aproximadamente, e a porta abriu-se. «Queria jogar com regularidade e conversei abertamente com o Fernando Santos. Não tinha nada contra ele, nem ele contra mim», conta o brasileiro, a propósito da transferência para o Sion. «Foi uma experiência muito boa. Vivem lá muitos portugueses», explica.
No início de 2009 muda-se para a Grécia, para representar o Ergotelis. Beto reconhece que a adaptação foi mais complicada, e é com alguma hesitação que garante estar feliz. «Se não estivesse já teria saído, mas é como se diz no Brasil: vamos empurrando aos poucos.»
«Até a equipa de râguebi gostava de mim
Aos 33 anos, Beto continua a fazer uns golos de livre. Já em Portugal mostrava essa faceta, que o tempo não apagou. O bilhete de identidade começa a não perdoar, mas o final de carreira não está no horizonte: «Continuo com a mesma garra.»
O contrato com o Ergotelis termina no final da época, e já existe proposta para renovar, mas Beto parece inclinado a voltar ao Brasil, de onde recebeu uma oferta. Voltar a Portugal (tem passaporte luso) também seria uma boa possibilidade, mas «nesta altura está complicado», diz o próprio. Três anos depois de ter saído, o médio continua a guardar boas recordações do nosso país, ainda que tenha sido mal-amado na Luz.
«Penso que deixei boa imagem. Sempre dei o máximo, e nunca ninguém ouviu falar mal de mim», diz o jogador, que garante ter sentido o apoio de toda a estrutura. «Era uma minoria, que não gostava de mim. Fui a uma Gala do Benfica, e os atletas do futsal e do andebol, entre outros, diziam gostar de mim. Diziam que o terceiro anel é que não gostava de mim. Até a equipa de râguebi gostava de mim», recorda o jogador, em conversa com o Maisfutebol. «O Benfica vai estar sempre guardado no coração. Foi o melhor clube da minha carreira. Sempre fui bem tratado por todos. É conhecido mundialmente. Na Grécia toda a gente fala bem do Benfica», assegura.