É mais um episódio triste na história do centenário clube português. O processo de resolução de dívidas do Boavista parece não ter fim, mas como os credores continuam a bater à porta a solução foi aderir ao Plano Especial de Revitalização, que se destina a permitir a qualquer devedor que, comprovadamente, se encontre em situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja sucetível de recuperação.
Um dia depois do presidente do clube , Manuel Maio, ter renunciado ao cargo «por motivos de saúde e aconselhamento médico» (22 de novembro), o Boavista fez entrar no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia a adesão ao programa «Revitalizar», que levou à nomeação de uma administradora judicial provisória.
Em despacho a que o Maisfutebol teve acesso fica definido que Maria Clarisse Barros tem «direito de acesso à sede e às instalações empresariais do devedor e de proceder a quaisquer inspeções e a exames, designadamente dos elementos da sua contabilidade». Por outro lado, «o devedor fica obrigado a fornecer-lhe todas as informações necessárias ao desempenho das suas funções». A administradora, porém, ainda não foi oficialmente notificada, por isso ainda não começou a trabalhar, mas já tem «conhecimento oficioso da situação», refere.
Em causa estão dívidas na ordem dos 50 milhões de euros, sendo que cerca de 39 milhões são à Somague, 7,2 milhões ao BPI, 3,1 milhões à Segurança Social, 2,7 milhões ao BPN e 1,4 milhões ao Fisco (para citar apenas os maiores montantes), segundo noticia o «Jornal de Negócios», acrescentando que se tratam de valores sem juros. O processo é encarado como «uma possibilidade de perceber o que são dívidas e o que não são dívidas, tentando envolver todos os agentes para uma resolução justa da situação», disse ao Maisfutebol fonte da direção demissionária.
O Boavista enfrenta agora um processo que não só enquadra uma análise exaustiva das suas contas e renegociação com os credores, mas também um processo eleitoral que já foi iniciado pelo presidente da Assembleia Geral. As listas têm de ser apresentadas até à próxima sexta-feira.
O clube tem um passivo estimado em 80 milhões de euros, muitas dívidas a jogadores (por intermédio da SAD) e uma situação competitiva a nível do futebol igualmente complicada, pois ocupa o 11º lugar na zona norte da II Divisão (a equipa é orientada por Petit, que atua como jogador e treinador).