O Boavista está a ser investigado por fraude nos descontos para a Segurança Social. A queixa foi apresentada por Nuno Gomes, antigo defesa-central da formação axadrezada, depois de ter descoberto que o clube não cumpria com as suas obrigações relativamente aos valores declarados. «Fui a semana passada à Segurança Social e garantiram-me que já foi feita uma investigação ao Boavista, mas o resultado ainda não é conhecido», referiu ao Maisfutebol.
A história conta-se brevemente. Segundo o central, o acordo com o Boavista previa um salário de 4400 euros, sobre os quais seriam descontados 1100 para pagamentos à Segurança Social e ao Fisco. O jogador receberia desta forma 3300 euros limpos. Nuno Gomes cumpriu pouco mais de um ano apenas deste contrato, tendo rescindido com a formação axadrezada já durante a época 2003/04.
Depois de ter rescindido, o jogador foi pedir o subsídio de desemprego. «Só nessa altura é que vim a saber que o clube, apesar de me pagar os tais 3300 euros relativos a um salário bruto de 4400 euros, apenas declarava na Segurança Social pagar 1100». E era sobre esses 1100 que fazia os descontos. «O Boavista nunca me entregou recibos de vencimento», diz Nuno Gomes. Ora em vez de receber o tecto máximo, que são três salários mínimos, o jogador, pelos descontos feitos, teve apenas direito a um subsídio de desemprego equivalente a pouco mais de um salário mínimo.
Já o clube descontava-lhe 1100 euros no ordenado, mas desse valor apenas declarava cerca de duzentos. «O restante ficava para eles». Nuno Gomes apresentou por isso uma queixa que levou agora à investigação que já foi feita, segundo garantiu a Segurança Social ao jogador. O central utilizou como prova o contrato reconhecido no notário, o pagamento de um ordenado feito através de cheque e a declaração para o IRS, a qual garantia que recebia 4400 euros. Resta dizer que o Maisfutebol tentou ouvir o Boavista para confirmar esta história, mas foi impossível.
Nuno Gomes coloca Boavista em tribunal
Paralelamente a este caso, corre outro diferendo entre Nuno Gomes e o Boavista, o qual está a ser resolvido no Tribunal Cível. O jogador rescindiu com o clube por justa causa, que lhe foi reconhecida, numa altura em que tinha salários em atraso e mais dois anos de contrato. A Comissão Arbitral Paritária deu-lhe apenas razão na vertente dos salários em atraso, não considerando que devesse receber os ordenados relativos aos dois outros anos de contrato porque esses configuravam apenas um quadro de opção. Nuno Gomes recorreu para os tribunais civis, onde o caso se encontra a correr. Relativamente aos três meses de salários em atraso, garante o central, continuam por pagar.