Cinco minutos são uma pequena fatia de tempo num jogo de futebol, mas quem está por dentro da modalidade sabe que é o tempo suficiente para se decidir um desafio. Em cinco minutos, o jogo definiu-se pela tendência da equipa da casa, uma tendência que vai ao encontro de um futebol de qualidade e que cativa os adeptos e os amantes da modalidade. Os axadrezados agradecem e projectam-se para o novo máximo de quatro vitórias consecutivas, uma marca que só encontra paralelo na cintilante época do título nacional.
Tudo porque o Boavista marcou dois golos nos primeiros cinco minutos, ambos a denunciar uma tendência bem marcada por um futebol de ataque, mas também como consequência de um adversário que teve na sua defesa um dos seus pontos mais frágeis. E dois golos que surgiram na sequência de cruzamentos para a área, onde os centrais da Naval não conseguiram superiorizar-se a Figueredo (marcou na sua estreia a titular) e João Pinto, dois jogadores que não são muito altos, mas que souberam beneficiar da liberdade de marcação.
Esta entrada de rompante da pantera deixou a Naval encolhida e fragilizada do ponto de vista anímico. Isso significou uma noite quase tranquila para William (foi ele o guarda-redes escolhido para render Carlos, o novo reforço do Steaua de Bucareste), pois o conjunto orientado por Álvaro Magalhães revelou uma gritante dificuldade em construir jogo entre os sectores. Não só por incapacidade própria, mas sobretudo porque o meio-campo do Boavista pressionou muito à frente, com Lucas a assumir-se como patrão de uma linha elástica e esfomeada pela bola.
Na segunda parte, Bruno Fogaça entrou para o lugar de Solimar e a Naval passou a actuar com um ponta-de-lança referência na área. Foi o melhor período do conjunto da Figueira da Foz, mas a posse de bola não significou situações de perigo iminente. Só por uma ou outra ocasião William se viu obrigado a mostrar serviço até que os axadrezados voltaram a equilibrar novamente o meio-campo graças à preciosa acção de Lucas. Em função desta mudança, João Pinto voltou a aparecer no jogo e Zé Manel revelou-se mortífero na ala. Foi aqui que Lucas fixou o resultado final (62m) e o desafio perdeu, praticamente, qualquer pico de interesse.
Arbitragem bem conduzida por Augusto Duarte.