Nome: Robert (Bobby) Charlton

Data de nascimento: 11/10/1937

Posição: Avançado

Nacionalidade: Inglês

Período de atividade: 1956-1975

Clubes representados: Manchester United e Preston North End

Principais títulos conquistados: Campeão do Mundo (1966); Vencedor da Taça dos Campeões europeus (1968); Campeão de Inglaterra (1957, 1965 e 1967); Jogador Europeu do Ano (1966).

O sobrevivente, o cavaleiro. Partiu aos 17 anos para Manchester, deixando Ashington, uma aldeia que percorrera vezes sem conta com a bola colada ao pé. Matt Busby era o manager. Uma lenda do United alargava os horizontes a um menino com um jeito especial de tratar o couro. Bobby Charlton inseria-se perfeitamente no modelo de jogador ambicioso que queria para um clube em renovação.

Busby estava certo. O United começou a dominar o futebol britânico e preparava-se para passear, imperial, num continente até aí dominado pelo Real Madrid. O processo estava em marcha, mas seria interrompido abruptamente, em Fevereiro de 1958. Num aeroporto de Munique, que servia de escala a uma viagem que principiara em Belgrado. Morreram sete dos argumentos mais fortes do técnico escocês. O desastre aéreo tinha sido devastador. Charlton sobreviveu, mas afundou-se numa depressão. Tinha 21 anos. Os responsáveis da selecção resolveram riscá-lo da lista de jogadores que estaria no Mundial da Suécia, realizado uns meses mais tarde.

Charlton perdeu-se em nova desilusão e tardou a recuperar. Quando o fez, todavia, apareceu mais fulgurante que nunca, com a vontade de vencer renovada, e contribuiu para o regresso do clube à pujança internacional. Pela Inglaterra, estaria no Mundial de 62 que serviria de ensaio absoluto para a competição seguinte, quatro anos mais tarde. Nessa altura já era dos melhores do planeta. Os britânicos venceriam em apoteose, num Wembley lotado. Charlton levantaria o troféu após uma final memorável com a Alemanha (4-2, após prolongamento).

Mais memorável que a partida decisiva seria, porém, a meia-final com Portugal. Muitos dizem que foi o melhor jogo de toda a sua carreira. Charlton marcou os dois golos que derrotaram os magriços. Eusébio, numa campanha pessoal fabulosa, ainda reduziu, mas a Inglaterra estava muito forte e contava com o auxílio precioso do seu público.

Wembley seria igualmente talismã dois anos mais tarde, num âmbito clubístico. Charlton voltaria a superar Eusébio, desta vez com a ajuda importante do excêntrico George Best, um irlandês de exuberâncias permanentes. A Taça dos Campeões ia para Manchester. O Benfica regressava a Lisboa vergado por um 4-1, novamente após prolongamento.

Estava finalmente realizado. Era um jogador respeitado em cada canto onde se praticava futebol. Em 1970, no México, nas derradeiras aparições pela selecção, ainda levou, quase ao colo, a Inglaterra até aos quartos-de-final. A Alemanha, contudo, estava demasiado forte colectivamente e conseguiu dar a volta à vantagem inglesa (de 0-2 para 3-2) numa altura em que Bobby Charlton já tinha sido retirado de campo por Alf Ramsey, a pensar nas meias-finais. Charlton terminava a carreira internacional ao 106º jogo. Somava 49 golos, número que nenhum outro compatriota conseguiu atingir.

Era altura de se dedicar em exclusivo ao Manchester United. Charlton estaria mais três temporadas em Old Trafford. Sairia com 36 anos, cansado de tanta visibilidade. Queria começar a preparar um futuro ligado ao futebol e aceitara um aceno do Preston North End, que o desejava para treinador-jogador. Acumulou estas funções durante dois anos e depois afastou-se da actividade nos estádios e só regressaria em 1984, para integrar a direcção do United. Quase duas décadas depois, a rainha Isabel II agraciou-o com o título de cavaleiro, em jeito de reconhecimento final.