Não é um golo que o faz. Ou dois grandes golos que o transformam.

Não é a forma leve como pisa, a facilidade com que dribla por entre ruas apertadas e estendais de roupa estendida para atrapalhar, e como se movimenta na faminta procura dos espaços.

A inteligência a procurar os desequilíbrios, as palmas das mãos viradas para a frente a apontar para os pés, destino desejado de todas as bolas que ainda não lhe pertencem.

Mete!

A classe com que finaliza.

A maturidade com que se prepara antes de deixar que se manifeste.

Tempo. Espaço para receber, inspirar e olhar. Espreitar meio de lado, apenas para perceber o próximo passo. O seu e o do outro.

O guardião, que sai. E ele, que volta a desviar os olhos, e toma a sua decisão. Expirar.

Não é uma destas coisas, é tudo isto. Parcela somada a parcela numa conta sempre difícil de fazer.

Sei precisamente o que pensam, agora e aqui, sem sombra de dúvidas. É esta a altura em que atacam com acusações. Empolamento em palavras de ordem. Os habituais exageros da imprensa, críticas de que é sempre a mesma coisa.

Talvez seja. Ninguém sabe se sim, ou tem a certeza que não. É impossível sabê-lo. Talvez nim, talvez sim, ou infelizmente não. Nem toda a crisálida dá uma bela borboleta. O que sabemos, enquanto as palavras se constroem e desconstroem neste ecrã, é que já é impossível olhar para o lado. Não querer ver, não tentar perceber. Até não escrever.

Next. Big. Thing. Talvez, por que não? Tem tudo para sê-lo, disso não podem restar dúvidas. Dar-lhe tempo, acreditar, complementá-lo no que lhe falta. Assim a sorte o proteja, e o futebol acredite nele.

Mais um diamante encontrado na suja mina de carvão que é o futebol português.

Félix é, obviamente, a ideia por completar. Uma frase que ainda vai a meio. Falta-lhe verbo, falta-lhe complemento directo, circunstanciais de lugar e de tempo, e muitos advérbios. O que temos é pouco, não é quase nada, é verdade. Talvez apenas um Eu, em capitais, a começar.

Ajudo. Na frase, acrescento o verbo:

Eu vou

Os complementos são consigo.

«Era Capaz de Viver na Bombonera» é um dos espaços de crónica mais antigos do MAISFUTEBOL. É da autoria de Luís Mateus.