Há jogadores arrogantes e... Kevin de Bruyne.

Kevin não é nome de pessoa arrogante. Será talvez o de um primo afastado que vive no Canadá. Tipo pacato, a morar em casa de madeira e com, pelo menos, três filhos e uma carrinha de sete lugares a compor o ramalhete.

Kevin de Bruyne é um tipo arrogante. De Broine, tal como se lê, assenta-lhe bem, de tão snob que é. Pode dizer-se de esguelha, por cima do ombro, e um ligeiro aceno de desdém com a cabeça.

É mais arrogante ainda do que os tipicamente arrogantes, aqueles que não deixam que ninguém se chegue por perto de tão bons que se acham. De Bruyne é uma outra escala na arrogância, um cúmulo dos cúmulos, aquelas piadas rápidas e simples com que argumentávamos a nossa popularidade

Sabes qual é o cúmulo da força? Não? Dobrar uma esquina!!!

Era isto! Essa espécie de Macaulay-Culkin-feito-homem que ainda se debate com o after-shave já não é o franzino projecto que Mourinho dispensou do Chelsea ou que assumiu quase sempre o último passe para os golos no Wolfsburgo. Não é que ache pouco, apenas já não estamos na mesma dimensão. Hoje, é ele quem manda em tudo, quem puxa os cordelinhos, e não admite que o coloquem em causa.

O City é, só por si, uma equipa autoritária, o seu futebol uma verdadeira ditadura. Não partilha a bola, destrói os adversários por asfixia. É feito de muitas parcelas de milhões, cada qual com ego e estatuto, de Sané a Agüero, passando por Sterling, Touré, David Silva, Fernandinho e outros. Acima de todos eles está De Bruyne, é ele quem manda. Tem de ter sempre a bola, tem de decidir o próximo passo.

Vê coisas que mais ninguém vê. O tracejado imaginário das corridas de El Kun, Sterling ou Gabriel Jesus, as ideias do adversário quando lhe aparece pela frente. Anda sempre perto da bola para reclamá-la até aparecer alguém em melhores condições.

Depois, que classe tem! Classe, tanta classe!

De Bruyne já era grande, mas precisava dessa arrogância para ser enorme, estratosférico

Sim, Messi, Ronaldo, Neymar, blá, blá, blá...

Ele é o centro da melhor equipa da actualidade, mesmo magoada pela goleada em Anfield. Faz mover todos os outros à sua volta. Quem diria que o miúdo tímido, sardento, conseguiria tornar-se um general, um líder inatacável?

De Bruyne podia ter-se deixado ficar como jogador de excelência, mas percebeu que podia atingir o topo, ser um dos melhores.

O Pedro Ribeiro que me perdoe

A bola é de quem? É De Broine!

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«ERA CAPAZ DE VIVER NA BOMBONERA» é um espaço de crónica, publicado de quinze em quinze dias na MFTOTAL. O autor usa grafia pré-acordo ortográfico.