O F.C. Porto recebe o segundo Arsenal em cinco dias. Na Liga dos Campeões, o original de Londres tombou por 2-1. Segue-se o Sp. Braga, candidato confirmadíssimo ao título nacional, num duelo decisivo para os dragões.

A coincidência despertou a dúvida: afinal, de onde veio aquele interesse minhoto pelos Gunners?

O Sporting Clube de Braga surgiu oficialmente em 1921, com o clube a assumir essa data por coincidir com os primeiros estatutos.

Antes, desde 1919, enquanto um grupo de jovens da cidade preparava os alicerces firmes para o futuro, o clube equipava de verde e branco. Sim, como o Sporting.

O nome denuncia as origens. Na história do Benfica, surgem relatos de divergências entre os minhotos que apoiavam o emblema encarnado (com ligações ao extinto Estrela F.C.) e os outros, virados para o verde.

Os registos do Sp. Braga não ecoam estes relatos difusos, até porque o clube assumiu identidade própria no momento do nascimento oficial. Própria com imagem importada.

O Arsenal do Minho

«A ideia do equipamento passar a ser idêntico ao Arsenal de Londres foi trazido de Lisboa para Braga, segundo recordava meu pai, pelo Germano de Vasconcelos, altamente influenciado por Joseph Szabo que tinha estado em Londres e ficou maravilhado com o Arsenal, na altura considerado o melhor clube da actualidade, acabando por entusiasmar fortemente os bracarenses com a ideia.»

Carlos Andrade Lobo, filho de Celestino Lobo (um dos fundadores do clube) e pai do comentador desportivo Luís Freitas Lobo, explicaa história ao Maisfutebol.

Carlos Andrade Lobo reconhece que, no primeiro par de anos de Sporting de Braga, antes dos estatutos oficiais, a equipa utilizava um equipamento parecido com o Stromp dos leões de Alvalade: camisola branca e verde, risca ao meio.

«É verdade que, na primeira versão, ao equipamento foi verde e branco, idêntico ao Stromp do Sporting Clube de Portugal, mas o Braga nunca teve qualquer ligação com o Sporting lisboeta. No entanto, foi uma situação que teve pouco tempo de vida, pois queriam ter uma identidade própria. Aliás, nos primeiros estatutos oficiais do Sporting de Braga, por sinal elaborada por meu pai em 1921, já consideravam as cores do clube como o vermelho e branco», realça.

A afirmação dos Guerreiros

Sócio número 28 do Sp. Braga, o filho de um dos fundadores do Sp. Braga paga quotas há mais de 60 anos. Acompanhou de perto a história do clube e recorda os relatos do pai.

«A ideia de criar um clube apareceu por volta de 1918/19, e segundo contava meu pai, pela necessidade de um grupo de jovens de Braga. Só cerca de 2 anos mais tarde é que entenderam dar uma maior dimensão ao clube.»

A identidade do Sporting Clube de Braga cresceu a par das suas conquistas. A importação das camisolas, o apelido de Arsenal do Minho, são apenas parte de uma história rica. Os vencedores da Taça Intertoto, agora candidatos ao título da Liga, promovem o epíteto de Guerreiros.

Para Carlos Andrade Lobo, um ponto do Dragão catapultará a equipa para a conquista do ceptro nacional. E aí, sem margem para dúvidas, o Braga deixará de prestas quaisquer contas ao Sporting ou mesmo ao Arsenal de Londres.