O intercâmbio entre Bragança e vários países africanos fez da cidade «a mais falada nos PALOP». A afirmação é de Óscar Monteiro, avançado e mentor da equipa de futebol da Associação de Estudantes Africanos do Instituto Politécnico bragantino.

«Neste momento a cidade mais falada nos PALOP é Bragança. Ainda o ano passado fizemos um encontro de estudantes africanos que trouxe à cidade 800 pessoas. Isso é bom até para o comércio local», declara o jogador de 29 anos.

Os exemplos de sintonia entre cidade, clube e universidade são vários. «As pessoas perceberam que queremos integrar-nos, estar dentro da sociedade e que somos um veículo de promoção da cidade no exterior. Quando nos encontram na rua dão-nos os parabéns pelo que a equipa está a fazer e agradecem».

«Fazemos muitas festas com música africana», continua Óscar Monteiro. «Organizamos eventos culturais, convivemos com as pessoas nas festas, nos jantares, nos cafés da cidade. A última festa africana que fizemos, por exemplo, tinha 200 africanos e 400 portugueses».

E como é que tudo começou? Como é que surgiu o clube de futebol?

«Recebemos apoio do Politécnico de Bragança, da Embaixada de Cabo Verde em Portugal, de algumas empresas da cidade e de alguns estudantes cabo-verdianos. Foi uma tarefa difícil fazer esta equipa praticamente sem dinheiro, mas com esses apoios conseguiu-se».

«Representámos a Associação Académica do Politécnico de Bragança, não temos um presidente, nem uma direção. Utilizamos o complexo do Politécnico e a direção do clube é a direção da Associação, da qual eu faço parte», explica Óscar Monteiro, verdadeiro dinamizador deste projeto interessantíssimo.

Matéria-prima para atacar a subida não falta. Nem sequer há lugar no plantel para todos os candidatos.

«Temos 40 jogadores a treinar, quase todos cabo-verdianos, mas só podemos escolher os melhores. A maior parte não foi inscrita. A equipa é formada quase toda por pessoas que já jogavam noutros clubes».

O dinheiro não entra nesta equação. Não há ninguém a ganhar salário. Bem pelo contrário. «Quase todos ganhavam dinheiro nessas equipas, aqui não ganham nada, mas abdicaram desse dinheiro para poder jogar numa equipa que representa os cabo-verdianos».