O Tribunal do Rio de Janeiro anunciou esta quinta-feira a destituição do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, e decidiu, por unanimidade, indigitar interinamente para o cargo o líder do Tribunal Superior de Justiça Desportiva, José Perdiz.

Dentro de um mês haverá nova eleição para a presidência da CBF, o terceiro ato eleitoral em seis anos.

Em causa está um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) celebrado em 2022 entre Ednaldo Rodrigues, então vice-presidente, e o Ministério Público. Tal acordo – que em determinados casos  iliba as instituições de infrações disciplinares – ajudou Ednaldo a alcançar a presidência da CBF.

Regras eleitorais em constante mudança

Recuemos até 2017. Nesse ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro considerou ilegal a alteração das regras para as eleições no órgão máximo do futebol brasileiro. Apesar da contestação, Rogério Caboclo foi eleito, num mandato de quatro anos, que duraria até abril de 2023.

Anos mais tarde, em julho de 2021, quando Caboclo já havia sido afastado da liderança da CBF por denúncias de assédio sexual e moral, a eleição foi anulada pela justiça do Rio de Janeiro, ainda a propósito da alteração das regras para o ato eleitoral. Por isso, em agosto desse ano, os vice-presidentes – também destituídos – escolheram Ednaldo Rodrigues como presidente interino até ao término do mandato.

A fim de terminar com a intervenção judicial na CBF, Ednaldo Rodrigues apresentou, em março de 2022, o referido TAC, que estabeleceu novas regras eleitorais, nomeadamente a redução do apoio mínimo obrigatório para a apresentação de candidatura. Assim, o então líder interino viu caminho aberto para ser eleito e assumir a presidência, pelo menos, até 2026.

No entanto, vários vice-presidentes do executivo anterior contestaram a eleição, argumentando que perderam um ano de mandato e que Ednaldo Rodrigues beneficiou do acordo com a justiça para antecipar a respetiva candidatura.

As alegações serão apreciadas na quarta-feira pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Entretanto, a CBF já contestou a destituição de Ednaldo Rodrigues.