Em 1997 o Benfica estava no auge da era Graeme Souness. O técnico que Vale e Azevedo entendeu ser o indicado para levar o clube de volta ao sucesso tinha uma peculiar abordagem ao mercado e nunca o Benfica foi tão inglês.
Brian Deane, um avançado de créditos firmados em Inglaterra, foi o segundo a chegar. Já cá estava Scott Minto, lateral, e haveriam de chegar, no ano seguinte, outros como Michael Thomas, Gary Charles, Steve Harkness, Mark Pembridge ou Dean Saunders. Poucos tiveram sucesso.
Deane foi dos que apresentou melhores resultados. Chegou a meio da época 1997/98, fez 14 jogos e sete golos. Partiu para o Middlesbrough no início do ano seguinte.
«Saí porque o clube tinha muitos problemas financeiros e apareceu uma boa proposta. Acabei por ficar pouco tempo, mas deu para sentir a paixão dos adeptos pelo clube. A adrenalina era enorme. Era fantástico porque jogávamos sempre para ganhar», recorda o ex-jogador, ao
Maisfutebol.
O pouco tempo passado na Luz não permitiu que guardasse amizades para a vida. «Mas dava-me muito bem com jogadores como o João Pinto, Paulo Madeira, Calado, Tahar ou o Preudhomme que agora é treinador. Foi uma experiência curta mas gostei muito», garante.
«Melhores momentos? Marcar ao Sporting e ao F.C. Porto»
Brian Deane confessa que gostava de fazer uma viagem até Lisboa para conhecer melhor o
Benfica de agora. «Queria ver alguns jogos e treinos. Abri uma Academia em Leeds, gostava de ser treinador e talvez me ajudasse», explica.
«Hoje sei que jogar no Benfica foi um dos pontos mais importantes da minha carreira. Na altura não sabia que o Benfica era tão grande. Só quando comecei a jogar vi a loucura que era o Benfica. Foi memorável vestir aquela camisola e queria ter ficado mais tempo», lamenta.
Dos jogos que fez guarda alguns em particular: «Marquei ao Sporting, em Alvalade, (1-4) e ao F.C. Porto na Luz (3-0). Estive pouco tempo em Portugal mas consegui marcar nos dois jogos principais.»
Do Benfica actual elogia o plantel. «Saviola, Aimar ou Cardozo são grandes jogadores», diz, sem hesitar. Quando questionado sobre se o Benfica pode causar impacto na Champions é peremptório: «Já causou. Vi com o Manchester United e estiveram muito bem.»
«É difícil comparar o Benfica de agora e o daquela altura. Tínhamos boa equipa, mas agora os jogadores do Benfica são mais pretendidos. Têm vendido muitos jogadores, como o David Luiz que veio cá para Inglaterra», lembra.
Uma discussão em inglês para defender...Portugal
De Portugal, Brian Deane guarda uma memória acima das outras: a qualidade do jogador português. E até partilha uma história para explicar como tinha ficado fascinado com o que viu nos relvados lusitanos.
«Um dia estava com uns amigos a ver um Portugal-Inglaterra, em Wembley. A Inglaterra ganhou 3-0 e eles estavam a gozar com os jogadores portugueses. Disse-lhes que tecnicamente os portugueses eram dos melhores do mundo. Eles não acreditavam. Eu disse-lhes que se não viam isso não percebiam nada de futebol», explica.
Para o inglês era apenas preciso mudar a mentalidade e conseguir um espírito vencedor. «Os portugueses precisavam de ganhar confiança. Com uma mentalidade forte iam longe, porque tinham jogadores para isso. A verdade é que a partir daí Portugal foi sempre a crescer e hoje é muito respeitado e os jogadores são todos muito conhecidos», frisa.
Recorde o golo ao Sporting (2m04):
E o golo ao F.C. Porto:
Benfica
21 dez 2011, 18:26
Brian Deane: «Foi memorável vestir a camisola do Benfica»
Memórias de uma história curta mas de sucesso. Os golos aos rivais, a adrenalina de ganhar sempre e o peso da camisola
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