De Jeddah ao Porto são perto de 5000 quilómetros, seis horas em voo direto. Bruno César acompanhará o clássico pela internet, sem esquecer as viagens mais curtas mas intensas desde Lisboa até à Invicta. O médio joga atualmente na Arábia Saudita e recupera as memórias desse clima entre águias e dragões.

«Os jogos contra o Porto sempre foram muito difíceis, bastante disputados, como todos os clássicos. A viagem é sempre um pouco complicada. A equipa vai escoltada pela polícia de Lisboa até ao Porto, até as pontes (ndr. o jogador estaria a referir-se a viadutos) são ocupadas por polícias», frisa o brasileiro.

Curiosamente, desta vez o cenário é diferente. A equipa benfiquista, para evitar maior desgaste numa fase crucial da época, viajou de avião para o norte do país.

Em entrevista ao Maisfutebol, Bruno César salienta o espírito guerreiro que envolve os adeptos dos dois clubes. «Os adeptos insultam muito, mas acontece o mesmo quando o Porto joga em Lisboa. O Benfica tem jogadores experientes, já estão acostumados. O importante é não deixar que isso interfira em campo.»

Dar o troco a F.C. Porto e Chelsea

O F.C. Porto festejou um campeonato no Estádio da Luz, há dois anos. Caso vença no sábado, o Benfica pode fazer o mesmo. «O que importa mesmo é ser campeão, independente de ganhar em casa ou na casa do adversário. Mas o Benfica daria o troco se vencesse no Dragão após eles ganharem na Luz.»

«Vou tentar acompanhar o jogo pela internet. Mesmo com o fuso horário, vale a pena ficar acordado até um pouco mais tarde», acrescenta Bruno César, sem revelar segredos da preparação do Benfica para os clássicos: «Não há uma preparação específica. É um clássico, a valer um título e isso já é uma grande motivação para qualquer jogador.»

Segue-se o Chelsea na final da Liga Europa e mais uma oportunidade de vingança. «Vou torcer pela equipa. Espero que o Benfica ganhe o troféu e assim também daria o troco ao Chelsea, que nos eliminou da Liga dos Campeões na temporada passada.»

Campeão à distância não é a mesma coisa

O Maisfutebol já entrevistou Hulk e Javi Garcia com o mesmo argumento: possíveis campeões à distância. Bruno César enquadra-se nesta lógica mas evidencia alguma tristeza pela forma como saiu do Benfica a meio da temporada, rumo ao Al-Alhi de Jeddah.

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«Se for campeão, vai ser importante para mim mas não será a mesma coisa. É diferente quando um jogador conquista um título ajudando e terminando a época com a equipa», frisa o médio brasileiro, concluíndo: «É um jogo difícil, um clássico em casa do adversário mas acho que o Benfica tem muitas hipóteses. Um empate pode chegar. Vou torcer bastante à distância.»

Bruno César disse adeus à Liga portuguesa e à Liga dos Campeões da Europa. Nesta altura, disputa a Pro League da Arábia Saudita e a Liga dos Campeões da Ásia. O seu Al-Ahli de Jeddah enfrenta o El Jaish do Qatar nos oitavos-de-final. Uma experiência diferente mas enriquecedora.

«Estou muito bem aqui na Arábia Saudita. Fui muito bem recebido por todos no clube e pelos adeptos. Fiz boas exibições nos jogos em que participei e ajudei a equipa com golos e assistências. Estou a fazer o que gosto, que é jogar futebol, e isso deixa-me muito feliz», remata o esquerdino.