O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

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BRUNO MARINHO, Al HAMRIYA (Emirados Árabes Unidos)

«Meus amigos,

O meu nome é Bruno Marinho. Sou de Vila Nova de Gaia, de nascimento, e da Senhora da Hora por adopção há 32 anos.

Tenho o II Nível de treinador (UEFA B). Sou treinador desde 04/05 e já tive várias experiências em clubes do distrito do Porto, sempre nas camadas jovens.

Iniciei o meu percurso no Desportivo Leça do Balio, no escalão de juvenis (sub-17) e também nos juniores (sub-19).

No último verão a minha vida deu uma volta.

Foi-me sugerido trabalhar no Médio Oriente, mais concretamente nos Emirados Árabes Unidos, o que era uma ambição minha. O treinador de futsal Rui Guimarães, que treina o Al-Wasl, perguntou-me se estava interessado em ter um desafio na região.

Aceitei e estou a treinar os sub-15 do Al Hamriya, um clube do Emirado de Sharjah. O campeonato tem seis jornadas decorridas e temos três vitórias, dois empates e uma derrota.

Estou num ponto do globo terrestre que sempre me fascinou. Já conheci figuras incríveis, como o Quique Flores e o Fabio Cannavaro (como podem ver na foto).

Mas, vamos ao início. Comecei a jogar futebol aos oito anos de idade no Sport Club Senhora da Hora, onde fiz toda a minha formação, não só a nível futebolístico, mas também a nível humano.

Lá conheci excelentes pessoas e grandes amigos que perduram até hoje. Recordo com um sorriso, com vários sorrisos, e até com muita nostalgia, as brincadeiras e os momentos passados no balneário, esse local mítico para jogadores e treinadores.

Éramos, de facto, um clube de amigos, mas sempre com grande sentido de vitória e grande competitividade. Os momentos que antecediam os jogos eram inolvidáveis. O túnel de acesso ao pelado fazia-nos sonhar e ambicionar algo mais no exigente mundo do futebol.

Passada a fase sonhadora das camadas jovens, tive a hipótese de passar por clubes como o Ermesinde, Penafiel ou Pedras Rubras. Mas também tive a minha fase de futebol amador e foi durante este período que dei o primeiro passo para ser treinador.

Num dos muitos lanches/jantares com a equipa que representava - havia que retemperar energias depois do esforço dispendido -, e enquanto conversava com o treinador da altura, Joaquim Saraiva, saiu-me um 'gostava de tirar o curso de treinador'.

O mister, o primeiro impulsionador da minha carreira, disse-me que ia ajudar-me. E, na verdade, inscreveu-me no Curso de I Nível de Treinador.

Entretanto, cheguei a estar inscrito no Curso de Direito na Universidade Lusófona, mas não o concluí. A minha família e os meus amigos disseram que foi por preguiça, mas eu asseguro que foi a paixão pelo futebol a falar mais alto.

Aos 27 anos, a infelicidade bateu-me à porta. Perdi o meu pai e a minha vida alterou-se. Passei a gerir o restaurante que já pertence à família há 40 anos. Abandonei o futebol, enquanto jogador, e decidi abraçar com mais força a carreira de treinador.

Na próxima crónica falarei sobre a minha vida nos Emirados Árabes Unidos.

Agradeço ao Maisfutebol por conceder-me a oportunidade de falar sobre o meu percurso e aos leitores por quererem descobrir o meu trabalho.

Saudações desportivas a partir dos Emirados (com 27 graus)!

Um abraço,

Bruno Marinho»