O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Leia a apresentação de Bruno Marinho

BRUNO MARINHO, AL HAMRIYA (EAU):

«Caros leitores,

A adaptação ao campeonato de sub-15 e algumas vicissitudes do dia-a-dia desta sociedade são os temas das linhas que se seguem.

Antes de falar de algumas das curiosidades com as quais me vou deparando, quero dizer-vos que os jogadores me ajudaram muito nesta minha missão. O mês e meio que durou a pré-temporada serviu para um conhecimento mútuo entre mim e os meus atletas.

Ao longo dos treinos fui vendo a evolução deles, a forma como foram assimilando as minhas ideias e a vontade que tinham em ir para os treinos.

Um treinador só cresce se os jogadores estiverem com ele. Mais do que a qualidade individual, um técnico só vence se tiver a solidariedade, nos seus mais diversos sentidos, dos atletas que treina.

Mas, neste particular, sinto que sou um profissional com alguma fortuna. Os jogadores do Al-Hamriya têm mostrado muita qualidade, num campeonato onde há jogadores que denotam já experiência.

Em termos de atmosfera nos jogos e treinos, há nuances culturais desta região que proporcionam episódios que, para os ocidentais, podem ser considerados caricatos e, no mínimo, invulgares.

É normal os treinos serem interrompidos para se rezar e o mesmo acontece nos intervalos dos jogos. Se nos treinos é uma pausa de cerca de dez minutos, e só estamos com gente da mesma equipa, nos jogos a rivalidade entre os clubes desvanece-se para dar lugar a uma crença muito forte que existe em todos os árabes. É um momento único!

Confesso que estranhei um pouco ao início, porque a realidade é muito diferente da do nosso país. Mas fui-me adaptando e hoje já encaro as várias rezas ao longo do dia como algo normal, quase como se eu tivesse nascido nesta cultura.

Fora dos relvados, a vida no Dubai é muito agitada. O trânsito é caótico, é um ¿salve-se quem puder¿, porque ninguém respeita as regras. Os condutores ultrapassam de qualquer maneira e feitio. Ah, e também falam ao telemóvel enquanto conduzem, muitas vezes...

Além disso, há muita poluição sonora ¿ as buzinas são uma banda-sonora constante onde me encontro, Al-Sharjah. Outro pormenor é que as estradas secundárias são, normalmente, de terra batida.

Mas se andarmos pelas grandes zonas residenciais, todas as estradas têm uma grande qualidade. Enfim, são as disparidades próprias das grandes metrópoles.

Na próxima crónica vou continuar a falar-vos desta realidade, quer do dia-a-dia no clube, quer do quotidiano que vou conhecendo cada vez melhor.

E continuar a abrir a janela do Dubai para todos os leitores.

Ate a Próxima Crónica!!!

Um abraço!

Bruno Marinho»