O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Leia a apresentação de Bruno Marinho

Bruno Marinho, Al Hamriya (EAU):

«Caros leitores,

Como vos prometi na minha última crónica, vou abordar, em concreto, a minha chegada aos Emirados Árabes Unidos e ao clube que me acolheu.

As pessoas do clube receberam-me muito bem. Tive a sorte de ter o apoio constante do Rui Guimarães, o treinador de futsal do Al Hamriya (entretanto já se mudou para o Al Wasl).

Foi o meu guia nesta nova realidade e tive todas as portas abertas. As pessoas do clube foram de muito bom trato e deram-me as melhores condições.

Quando se chega a um clube novo, é normal que queiramos inteirar-nos de tudo o que diz respeito àquela que vai ser a nossa casa. Quis conhecer as instalações, a envolvência do estádio e, sobretudo, os jogadores.

Aqueles que iriam constituir a minha matéria-prima receberam-me de uma forma bastante positiva. Comecei a avaliar o comportamento deles, com especial incidência no aspeto técnico, e desde o primeiro treino senti que tinha muito trabalho pela frente.

Houve pormenores do treino que tiveram de assimilar aos poucos, pormenores tão básicos para os europeus, mas a que eles não estavam acostumados. Um exemplo disso é o típico meiinho, tão do agrado dos jogadores ocidentais. Para eles era um suplício ao início.

Depois de alguns dias, eles próprios me pediam para fazer este exercício antes de cada treino. Não há muito esse hábito no Médio Oriente.

Foi bom ver, passadas umas semanas, que já não começavam nenhum treino sem disputarem este exercício. Os jogadores da minha equipa têm algumas limitações a nível físico, mas há qualidade técnica. A grande pecha continua a ser a preguiça que têm para o treino.

É normal chegarem e antes mesmo do treino começar já estão a dizer que estão muito cansados. Esta questão faz com surjam situações bastante engraçadas e caricatas.

As diferenças sentidas inicialmente prendem-se com o pouco espírito que têm para o trabalho. Fomos mudando isso, ao longo dos meses, mas foi algo que nos deu algum trabalho, porque gosto da exigência a todos os níveis.

Na próxima crónica vou dar-vos a conhecer alguns episódios que tenho vivido nos jogos e também durante toda a vivência no clube e no país.

Um agradecimento profundo ao Maisfutebol por me permitir contar as minhas experiências num país longe de Portugal, através dessa linguagem universal chamada futebol.

Deixo-vos um abraço desde o Médio Oriente!

Bruno Marinho»