Bruno Martins Indi atendeu o telefone com simpatia, solta algumas gargalhadas e faz ele próprio perguntas. Aos 20 anos já é internacional holandês, mas ainda não parece ter aquela áurea de estrela. Por isso fala desinteressadamente, embora não o faça irresponsavelmente: pensa em tudo o que diz.

A conversa parte naturalmente das raízes portuguesas. Bruno Martins é descendente de guineenses, mas nasceu em Portugal. «No Barreiro», especifica ao Maisfutebol. «Com três meses vim para a Holanda, o meu pai veio trabalhar para Roterdão, mas nunca deixei de ter passaporte português.»

A conversa começou em português, mas o lateral-esquerdo pediu para desviar o idioma para um universal inglês. Para evitar mal entendidos, apenas. «Mas em casa sempre falei muito português», revela. «A minha mãe nem sequer sabe falar holandês, por isso com ela só mesmo em português.»

Viajou para Roterdão para acompanhar os pais e as duas irmãs. O pai recebera uma proposta para trabalhar como mecânico numa empresa de camionagem. Foram viver para a margem sul do rio que é porta de entrada num dos portos mais importantes da Europa, em Roterdão Sul: uma zona pobre.

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Começou a jogar na rua, aos oito anos juntou-se ao Spartaan 20, um pequeno clube onde foi colega de Luc Castaignos e Jetro Willems. Aos 13 anos foi descoberto pelo Feyenoord. Fez a formação toda no histórico holandês, até ser integrado no plantel principal e garantir um lugar na seleção.

Portugal, garante, está-lhe no coração. «Ainda há três anos aí fui», revela. «Estive no Barreiro, visitei a casa onde nasci e que ainda existe, falei com amigos. Os meus pais têm muitos amigos em Portugal. A casa onde nasci é pequena e pobre, mas trouxe-me boas sensações. Gostei de a visitar.»

A viagem nasceu de uma grande vontade interior. «Falei com dois amigos e disse-lhes que tinha de ir conhecer Portugal.» Vieram os três: ver a realidade de que Bruno Martins tanto ouvira falar. Ele que todas as semanas se desloca a um restaurante português para provar um peixinho ou um cozido.

Ora a conversa dá muitas voltas e regressa ao ponto de partida: Portugal. Tudo para lhe perguntar se é verdade que o Benfica está interessado nele. «Ouvi algo sobre isso, sim. É um grande clube e é muito bom ouvir dizer que está interessado em mim. Mas não sei se há algo de concreto», revela.

«O campeonato português é forte, há bons clubes, Lisboa é uma cidade espetacular e nunca se sabe o que nos reserva o futuro. Mas por respeito ao Feyenoord, que foi o clube que me criou, não vou dizer que quero jogar no Benfica. Vamos esperar e ver o que acontece», acrescenta Bruno Martins.

O lateral admite que há a curiosidade e, acima de tudo, o respeito pelo Feyenoord. «O que posso dizer é que sou profissional, estou aberto a tudo e gostava de experimentar o futebol português. O Benfica é um grande clube, com adeptos em todo o mundo», sublinha. «Nunca se sabe o futuro.»

Veja um vídeo de Bruno Martins: