Começou a época no Gil Vicente, mas, após meses quase sem jogar, mudou-se para Israel. Agora, Bruno Pinheiro volta a fazer as malas, mas traz na bagagem a paixão por um país e um campeonato inesperado: Israel.

«Os juniores iam armados para os treinos»

O jogador, que joga como defesa-central ou médio defensivo, formou-se nas escolas do Boavista e foi no Bessa que alinhou até 2009/10, altura em que emigrou pela primeira vez. O destino foi o Aris Limassol, do Chipre. Dali passou para a Polónia, para o Widzew Lodz, onde jogou durante duas épocas. Depois foi altura de regressar a Portugal pela porta do Gil Vicente, mas, após uma primeira volta em que quase não foi opção, Bruno Pinheiro decidiu rumar ao Maccabi Netanya, de Israel, no mercado de inverno.

Com a descida do clube, Bruno Pinheiro volta a ter o futuro indefinido. «Ainda estou à espera para ver as propostas que surgem e analisar bem as opções. Tinha contrato até ao final da época, com mais duas de opção, mas eu decidi não ficar porque o clube desceu», explicou ao Maisfutebol.

«A experiência foi ótima, bem melhor do que estava à espera e não me importava de voltar para lá, mas tinha que ser num projeto interessante», garantiu. «O Maccabi Netanya é um clube que tem estado nos lugares de topo da tabela nos último anos, chegou a estar na Liga Europa, tinha muito boas condições, um estádio novo... foi uma surpresa ter descido. Mas como fiz um bom campeonato lá, há clubes interessados. Tem é que ser um clube com um projeto equivalente».

E regressar a Portugal? «A minha última experiência em Portugal não foi a melhor. Infelizmente, por um motivo ou outro, as coisas não aconteceram e estive meio ano quase sem jogar. Sei que há clubes interessados, mas tenho que analisar bem».

«Não fecho as portas a Portugal, mas, se voltar, tem que ser com um projeto interessante, que me dê estabilidade financeira e me permita jogar. Estou no auge da minha carreira, não quero voltar a estar parado. Preciso de jogar», frisou.

Apaixonado por Israel

Nestes quatro meses, Bruno Pinheiro apaixonou-se pelo país. «Foi o melhor sítio onde estive», garantiu. «É um país com muita qualidade de vida, e ao nível do futebol, tem muito boas condições».

Numa altura em que há denúncias de salários em atraso e contratos enganosos no Chipre, onde há muitos portugueses, Bruno Pinheiro destaca a segurança financeira israelita. «Eu joguei no Chipre e, entre um e outro, não tenho dúvida em escolher Israel. Quando um jogador assina, a Federação bloqueia de imediato a verba da totalidade do contrato, o que significa que não é mesmo possível haver salários em atraso. Isso dá uma estabilidade e uma tranquilidade que nos permite concentrar mais no trabalho».

E o futebol israelita, como é? «É um bom campeonato, com jogadores muito dotados a nível técnico. Precisam de desenvolver um pouco a parte tática, porque no final os jogos acabam por ficar um pouco partidos», explicou.

«Os clubes têm dinheiro, mas quando tentam comprar os jogadores estrangeiros, eles veem que é para Israel e nem querem saber da proposta. Há muito preconceito ainda. Há muitos africanos, sérvios, mas portugueses, ingleses, franceses, quase não há», contou.

O jogador já se sente um pouco embaixador do clube junto dos colegas e conhecidos. «As pessoas perguntam-me. Pensam sempre que é um cenário de guerra. Era o que eu pensava também, mas não é nada disso. É um sítio fantástico».