O «day after» do autor do primeiro «hat-trick» da Liga começou como tantos outros: a treinar. Buba voltou, por alguns instantes, ao local onde, ontem à noite, assinou a mais bela página da sua ainda curta história de jogador. Depois do trabalho, ligeiro, das felicitações e brincadeiras de amigos e colegas, os minutos de fama prolongaram-se por mais algumas entrevistas, com direito a pose para as objectivas e tudo. A proeza ainda está fresca¿
A primeira pergunta, só poderia ser uma: afinal, quem é Yohanna Buba? «Sou um tipo calmo e simples. Raramente me irrito. E quando isso acontece, passa-me rapidamente», responde, humildemente, o central aveirense.

Apesar do feitio tipicamente anti-herói, a verdade é que Buba passou a barreira do anonimato e agora, onde quer que vá, será sempre visto como aquele central que, numa noite de inspiração, tramou o Sporting com três golos. O feito é digno de registo e o próprio jogador não o esconde: «Nem consegui dormir! É normal. Passei a noite a rever as jogadas. Fiquei muito contente. Até acreditava que podia marcar uma vez, mas logo três, e, ainda por cima, frente o Sporting, é algo de fabuloso. Foi o jogo da minha vida.»
Médio ofensivo em África, na Europa, Buba começou progressivamente a recuar no terreno. Na Turquia, actuou como trinco, mas foi no Estoril, pela mão de Ulisses Morais, que passou a ocupar a sua posição actual, como central. «Apesar de jogar lá atrás, gosto de subir nos lances de bola parada e não me tenho dado mal», observa o camisola 3.
«Alô, Nigéria»
Antes e depois do encontro, Buba falou com os pais, talvez os seus principais fãs. Emigrantes na Nigéria, para fugir às dificuldades económicas dos Camarões, os papás do tímido Yohanna assistiram ao jogo pela televisão e só por isso não pensaram que o filho pudesse estar a brincar. «Mesmo assim, não queriam acreditar. Ficaram tão ou mais felizes do que eu», assegura.
Aos adeptos do Beira-Mar, o defesa africano promete mais alegrias, até porque acredita que pode contrariar a máxima segundo a qual a sorte grande só sai uma vez. «No futebol tudo é possível. Aconteceu assim desta vez e nada garante que não possa voltar a repetir-se. Basta trabalharmos e acreditarmos que podemos conseguir.» Se é assim tão fácil, então o Benfica, próximo adversário dos aveirenses, terá mais um motivo de preocupação.