Marcel Correia foi o português de serviço na Rhein-Neckar Arena. Ali cumpriu os últimos 90 minutos na Bundesliga 2013/14. E ali guardou imagens para sempre. Uma grande mancha amarela a cantar, uma menina a entregar uma rosa ao treinador que tinha acabado de falhar o objetivo de jogar o play-off do campeonato, a última esperança do Braunschweig para permanecer entre a elite. O Eintracht voltou para a 2. Bundesliga, onde passou décadas antes deste assomo ao primeiro escalão.
A primeira ideia do defesa português é de que «aquilo foi um momento muito bonito». E foi, de facto. «Descemos de divisão, mas como se viu os adeptos reagiram de forma espetacular, foi uma coisa muito emocional, nada normal», recordou à MF Total.
Passados dias daquela derrota em Hoffenheim, Marcel Correia tem agora a distância necessária para tentar entender por que é que os adeptos reagiram assim, quando o habitual seria revolta, indignação e um estado de profunda tristeza, ao contrário do orgulho que aparentavam ter.
«O clube não estava na Bundesliga há 28 anos e já a última época foi uma surpresa. Acho que os adeptos quiseram honrar os nossos jogos, porque ficaram contentes de ter partidas de I liga de novo. E nós fizemos bons jogos, ainda que não tenhamos ganho», indicou o defesa.
Jogadores celebram vitória sobre o Leverkusen, na altura a segunda em 12 jogos da Bundesliga
Para eles, jogadores que estavam no relvado, «foi uma pequena surpresa». Nas imagens, ninguém surge com lágrimas, como é normal nestas ocasiões. Talvez tenha sido aquela tremenda manifestação de apoio que as tenha secado. «Ficámos todos de boca aberta», contou-nos Marcel Correia.
É preciso recuar um pouco na temporada. Coisas raras já se tinham passado em Braunschweig. Um ponto em sete jornadas levaram o treinador Torsten Lieberknecht a ameaçar sair do clube. Os adeptos odiaram a ideia de perder o técnico e foram ao treino apoiar Lieberknecht e jogadores.
É também por tudo isto que Marcel Correia, um português nascido na Alemanha sentencia: «Os nossos adeptos são de Bundesliga, nós infelizmente não.»
Já passaram vários dias desde a confirmação da descida e o defesa do Braunschweig não conseguiu esquecer. «Ainda ando triste, até porque perdemos os últimos cinco jogos e a oportunidade de ultrapassar o Hamburgo. Isso é que dói mais. Embora se possa dizer que a reação dos nossos adeptos nos deu algum conforto.»
Marcel Correia não sabe o que o futuro lhe reserva, até porque tem «um par de equipas interessadas». Ainda assim, tem contrato com o clube por mais um ano e «se ficar, é para subir o mais rápido possível».
Porque aqueles adeptos merecem, não acha? Se tiver dúvidas, reveja o vídeo. Apostamos que no final soltará um
«football, bloody hell», ou um equivalente qualquer em Português.