Manuel Cajuda não confirmou se colocou o seu lugar à disposição, conforme foi noticiado esta sexta-feira por um jornal desportivo. O treinador do Olhanense disse ainda que pelo seu clube fará tudo o que lhe for possível, inclusive «ir embora!».



«Não vou falar das minhas conversas com o presidente do clube. Mas posso dar uma achega: tenho o direito de me fazer mais vítima das coisas que chegam aos jornais, do que herói. É importante realçar que a amizade que tinha pelo presidente é a mesma que tenho hoje, e que vou ter dentro de dez anos. Sei quais são os objetivos e quem colocou as notícias nos jornais. Respeito os jornalistas, honestos e com credibilidade, quem assina a notícia, e confirma que é verdadeira. Sei que tenho um amigo, entre aspas, que me está a cobrir as costas com uma espingarda à espera para me dar um tiro», acusou.

«Nenhum outro treinador gostaria tanto de ser a solução como eu, que sou de Olhão. Quando se põe em causa uma série de coisas, até os métodos, é para tentar fazer-me uma maldade. Fisicamente, os jogadores estão bem, mas isso não chega, porque psicologicamente podiam estar mal. Em relação à capacidade técnica, não sou responsável pela formação do plantel. Quanto a questões táticas, com o Sp. Braga, se fizermos a comparação, tivemos mais posse de bola, mais passes certos, melhores oportunidades. Em nada podem tocar no que me querem fazer de mal. A seu tempo, as coisas virão a lume naturalmente. Mas pelo meu Olhanense, faço tudo o que tiver de fazer, inclusivamente ir embora», revelou.

Dadas as perturbações, importava saber qual o espírito da equipa e do plantel. «Realista. Todos temos noção de qual é a importância do jogo e do resultado. Todos nós gostaríamos de ter feito melhores resultados, mas eu conheço bem a minha realidade. Será importante fazermos tudo, fazermos de todas as nossas fraquezas, uma força. Não vou fazer mais comparações, nem me lamentar muito, porque não adianta nada. Mas seguramente nenhum outro treinador gostaria tanto de ser a solução para o Olhanense como eu».

Em Moreira de Cónegos o Olhanense vai enfrentar um adversário direto na luta pela permanência. «É um jogo muito importante, mas não mais que os outros. É um adversário direto que, na primeira volta, empatou em Olhão e, recordo, esteve sempre a ganhar. É um jogo importante, mas não é decisivo. Isto é um campeonato por pontos. É importante não perder, mas o melhor seria ganhar. É por isso que o clube, eu e os atletas estamos concentrados, não mais do que noutros jogos, mas muito focados na dificuldade e importância do encontro. Mas não é decisivo».

«Vi vários jogos do Moreirense, mas vi antes da chegada do Inácio. Tenho mais ou menos um conhecimento profundo, mas sei que algumas coisas mudaram. Acima de tudo, e isso é importante, têm uma garra nova, uma determinação nova, para além de terem ido contratar alguns jogadores no defeso. Como se diz, é bom estar desconfiado com tudo, porque quem está desconfiado com tudo, pela positiva, tem algumas vantagens. Não podemos facilitar em nada», pediu ainda.

Inácio disse que será uma «grande final» para o Olhanense. Manuel Cajuda não vê assim. «Não considero pressão, é o pensamento dele, que conheço bem. Não é uma super-pressão, nem um fator de motivação. É apenas a verdade e o pensamento dele. Não nos vamos zangar.»

Nesta sexta-feira os capitães do Olhanense emitiram um comunicado sobre a reunião com a direção: «As nossas competências são treinar, jogar e receber. Não nos compete tomar qualquer decisão. A reunião serviu apenas para dar conhecimento ao presidente do clube da situação difícil do plantel e de algumas situações que têm de ser resolvidas com alguma urgência. Estamos empenhados em garantir a manutenção e é nesta tarefa que estamos focados.»