Para Manuel Cajuda, a singularidade da festa dos 500 jogos como treinador no principal campeonato nacional, não é tão importante como o «programa coletivo do Olhanense». O treinador reconhece importância ao feito, mas não desvia a sua atenção.

«Acima dos 500 jogos está o prestígio e a sobrevivência do meu clube! Sei que é uma marca de elite mas não é esse o ponto que me foca mais nesta altura. Sei que é uma marca de prestígio e que está ao alcance de todos, mas em 115 anos de futebol, só sete conseguiram lá chegar. E eu estou orgulhoso por ter chegado.», reconhece.

«Os 500 jogos são uma festa minha, singular, mas estou mais interessado no programa coletivo do Olhanense. Ninguém me vai ver amanhã a desviar a atenção da minha obrigação. Faria os 500 jogos, agora ou para o ano, no Olhanense ou noutro clube. Mas, fazendo-o no Olhanense, só eu é que posso qualificar e quantificar a alegria que tenho. Mas não me vou desviar um milímetro da min há obrigação profissional e concentrar-me para tentar ganhar o jogo», acrescenta.

Na memória, ainda está o jogo da estreia. «Lembro-me... perdi 7-1 nas Antas, o Mike Walsh fez quatro golos! Lembro-me de tudo, afinal de contas, é uma carreira que, quer queiramos ou não, é de elite. É uma carreira de prestígio mas mais importante do que isso, é trabalhar em prol do Olhanense», lembra.

Sobre recordações da carreira¿ «Sou excessivamente frio no banco. São poucas as pessoas que me viram festejar um golo. Sempre cultivei esta maneira de estar. Tal como não tenho gestos de desagrado quando sofro um golo, também não manifesto alegria excessiva quando marco».

«O que guardo de bom, e é muito seguramente, estão num baú de recordações. Pelo meu currículo, tenho motivos mais que suficientes para ser um treinador feliz».

«Mas, curiosamente, por muito que as pessoas pensem quais foram os meus melhores momentos, não o são. Para mim, foi muito mais importante subir de divisão o Vitória de Guimarães, do que ter ido à final da Taça de Portugal. E todos sabem o que representam estar numa final no Jamor, como treinador. E fui a duas finais de Taça, uma cá, outra no Egipto, num momento fascinante com o Manuel José, onde foi içada a bandeira nacional», recorda.

Na hora de agradecer, Manuel Cajuda não quis eleger a melhor equipa que trabalhou nem o melhor jogador, «para não ser injusto».

«Agradeço a todos os meus jogadores, dirigentes, funcionários e adeptos. Sou um beneficiado por ter chegado tão longe. Continuo a ter a mesma força que tinha há 20 anos atrás».

«A carreira não está acabada, mas 90% está feita», disse, enaltecendo no entanto duelos que lhe davam um gosto especial ganhar: «Quando estava no Olhanense gostava de ganhar ao Farense, tal como gostava de ganhar ao Olhanense, quando estava em Faro. O mesmo acontecia num Braga-Guimarães».

No entanto, Manuel Cajuda fez uma confissão: «O clube que me deu mais prazer trabalhar foi o Olhanense, e estou aqui por amor. O coração falou mais rápido do que a cabeça, porque se fosse a cabeça a funcionar, não teria vindo», revelou.