CAMINHOS DE PORTUGAL  é uma rubrica do jornal Maisfutebol que visita passado e presente de determinado clube dos escalões não profissionais. Tantas vezes na sombra, este futebol em estado puro merecerá cada vez mais a nossa atenção. Percorra connosco estes CAMINHOS DE PORTUGAL. 

VARZIM SPORT CLUB (1º classificado, Série B, CNS)

«Ainda sei a equipa de cor e salteado: Fonseca na baliza; Montóia, Washington, Festas e Cacheira na defesa; Pinto, Albino e João no meio-campo; Marco Aurélio, Horácio e Jarbas no ataque».  

Pedro Faria, presidente do Varzim Sport Club, refere-se a uma famosa equipa dos anos 70. «Acabámos no sétimo lugar da I Divisão, época 1976/77», continua, em conversa com o Maisfutebol.

Laços inquebráveis entre a memória e a paixão. Em ano de centenário e na semana em que decide a passagem ao play-off de subida no Campeonato Nacional de Seniores, o histórico Varzim é «um clube feliz». E cheio de recordações.
 

21 presenças no Campeonato Nacional da I Divisão (a última em 2002/03), três vezes semifinalista da Taça de Portugal (1977/78, 1979/80 e 1984/85), tardes incontáveis de bancada cheia e peito cheio na receção aos maiores de Portugal.

Lídio Marques, presidente honorário, sócio número 19 e historiador não oficial dos Lobos do Mar entra na tertúlia. Relembram-se dias de glória, recuperam-se nomes inesquecíveis (Vata, Miranda, Lufemba, Rui Barros, Alexandre…) e voltámos ao dia em que tudo começou.

«Sim, o nosso emblema foi fundado no dia de Natal de 1915. O futebol ainda se implantava em Portugal, a I Guerra Mundial arrasava a Europa e um grupo de estudantes do liceu da Póvoa decidiu dar-nos o Varzim».

O grupo de apaixonados pela bola juntava-se na Igreja do Desterro. Foi sob os bons auspícios desse local sacro que se realizou a primeira Assembleia Geral da instituição. «Em março de 1916 tudo ficou oficializado, quando os estatutos se legalizaram».

«Em cinco anos temos de estar na I Liga»

Regressemos ao presente e a uma das semanas «mais importantes» da história recente do Varzim Sport Club. A uma jornada do final da primeira fase, os poveiros têm o mesmo número de pontos de Famalicão e Vizela. Uma vitória na receção ao Santa Eulália garante a qualificação.

«O jogo coincide com o início das comemorações do centenário», refere Pedro Faria. «Criámos uma camisola onde constam os nomes de todos os nossos sócios. São 4800. Estou a falar consigo e tenho-a aqui nas mãos»
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Depois de anos a suportar a agonia financeira – até uma subida de divisão foi perdida -, o Varzim está «a cumprir todos os compromissos» assumidos, inclusivamente os pagamentos estipulados ao Fisco e à Segurança Social.

VARZIM SC: Pedroto, Mourinho e Maradona num arquivo dourado

Agora, terão de ser os resultados desportivos a puxar pelos adeptos. «Em cinco anos temos de estar na I Liga. Anunciei esse objetivo quando me candidatei e mantenho-o», clama Pedro Faria.

«O Varzim é um clube de dimensão ímpar em Portugal. Depois dos três grandes e do Vitória Guimarães não há nenhum emblema capaz de movimentar duas mil pessoas fora de casa. Talvez o Leixões também, um clube com o qual nos identificamos».

O dirigente recorda a enchente em Barcelos, para um jogo da Taça de Portugal, e a invasão a Famalicão no passado fim-de-semana. «Estiveram quase oito mil pessoas no estádio. Comparem essa lotação com as dos jogos da I Liga onde não estiveram os três grandes».
 

«O sonho do novo estádio não vai avançar»


350 atletas em todos os escalões, o velho estádio na marginal da praia, um campo pelado com vista para a antiga praça de touros e mais alguns sintéticos disponíveis no Parque da Cidade. Um clube com infraestruturas capazes de suportar o futebol profissional.

«O sonho do novo estádio não vai avançar, acredito. Temos o nosso recinto, inaugurado em 1930 e ainda muito digno. Está com uma apresentação razoável, velhinho mas bem conservado. Está todo encadeirado, o relvado é ótimo, duas bancadas são cobertas e os balneários foram renovados»
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Orientado pelo bem conhecido Vitor Paneira, o atual plantel do Varzim é composto pelos seguintes atletas:

Guarda-redes: Pedro Soares, Ricardo e Marinho;
Defesas: Tiago Lopes, Sandro, Moura, Telmo, Abel, Raul, João Paulo e Roberto;
Médios: Pedro Cervantes, Bijou, Nelsinho, Diogo Serra, Pedro Sá, Nélson Agra e Sérgio Organista;
Avançados: Tanela, Vitor Hugo, Diego Mourão, Fidel, Amilton, Rui Coentrão e João Carvalho.

Um jogo de doidos em Famalicão, 2-2: