Fabrício Isidoro é um nome que provavelmente não dirá muito à maioria dos adeptos de futebol em Portugal, mas a verdade é que já nasceu com o desporto-rei no sangue: filho de um antigo internacional brasileiro – Paulo Isidoro, quatro jogos pelo Brasil no Mundial de 82 –, o médio de 26 anos subiu recentemente à II Liga com o Farense e não esconde a satisfação pelo feito.

«A subida era importante, os adeptos merecem, por tudo aquilo que passaram nos últimos anos, quando o clube não estava nos escalões profissionais, então chegar à II Liga é um motivo de grande alegria, os adeptos merecem mesmo isso», começa por dizer, em entrevista ao Maisfutebol.

A equipa algarvia também subiu na época 2014/2015, mas voltou ao Campeonato de Portugal (CP) uma época depois, e desta vez, Fabrício acredita que tudo vai correr de maneira diferente: «Esperamos sempre o melhor. Acredito que o Farense vai entrar na II Liga forte, tem um presidente competente, assim como o staff e acredito que na II Liga também vai haver um ótimo trabalho.»

A final do CP do próximo domingo frente ao Mafra será no Jamor, «uma alegria e um momento especial para todos os jogadores» e por isso mesmo conseguir a conquista o troféu é «muito importante», não só para o clube, «pela história que tem», mas também pelos «fervorosos adeptos» que apoiam em qualquer estádio. «Vamos entrar no domingo para sermos campeões», garante.

Apesar de uma temporada que acabou da melhor maneira, o Farense protagonizou igualmente uma boa campanha na Taça de Portugal, prova na qual só caiu nos quartos de final frente ao Caldas. Para o médio brasileiro, foi sem dúvida a desilusão da temporada.

«A deceção da temporada foi a Taça, chegámos até aos quartos, não era o nosso principal objetivo, que foi sempre a subida à II Liga, mas ter chegado tão perto do Jamor pela Taça de Portugal era um sonho, depois de termos feito bons jogos contra o Leixões e Estoril, também merecíamos ter chegado lá, mas o Caldas teve mérito de ter chegado à meia-final e o nosso principal objetivo foi concretizado, a subida», atirou, antes de contar como chegou ao futebol português, por via do Louletano, em 2016.

«Fiz a formação no Cruzeiro, mas entretanto o meu contrato estava quase a terminar e o empresário que me trouxe para cá conhecia algumas pessoas do Louletano e surgiu essa oportunidade. As coisas não estavam muito fáceis no Brasil e então resolvi tentar aqui e até hoje as coisas têm dado certo para mim», revelou.

Fabrício está há dois anos em Portugal, nos quais disputou sempre o terceiro escalão, mas assume sem rodeios que chegar à I Liga, um campeonato de «dimensão mundial», é um sonho: «Toda a gente conhece o futebol português e chegar a esse patamar é um sonho. Se chegar lá com o Farense seria felicidade a dobrar, por tudo o que o clube me deu e pela história que tem.»

O peso de ser filho de um antigo internacional brasileiro e as comparações com o pai

Filho de Paulo Isidoro, que representou a canarinha no Mundial de 1982, vencido pela Itália, o atleta de 26 anos confessa que foi com o pai que surgiu o gosto pelo futebol e diz que a comparação foi sempre inevitável ao longo da carreira.

«Sim, foi com o meu pai que surgiu o futebol na minha vida, desde sempre ele gostou de futebol e isso foi passando de pai para filho. Desde que eu era novo ele já tinha uma escola de futebol e até hoje ainda a tem. Comecei com ele nessa escola, com seis/sete anos, já entrava e ele já me ia ensinando tudo o que aprendeu, e hoje tudo o que eu sei é graças a ele», afirmou.

«Algumas pessoas sempre foram comparando, principalmente no Brasil.  Diziam sempre ‘ele tem de ser igual ao Paulo Isidoro, ele tem de ser igual ao pai’, mas o meu pai sempre me disse e eu também sempre pensei assim, que a carreira dele foi feita, ele é o Paulo Isidoro e agora o Fabrício Isidoro tem de tentar fazer a carreira dele, são diferentes. Mas sim, sempre tive essa pressão de ter de ser igual a ele», reforçou.

O pai jogava a avançado, enquanto o filho é médio defensivo, mas Fabrício reconhece que os dois têm algumas parecenças: «Muitas pessoas dizem que somos parecidos, o jeito de jogar, o jeito de correr… o meu pai sempre jogou mais à frente, mais perto do golo, eu já tenho mais características de marcação, mais defensivo, mas também chego ao ataque, mas há essa diferença. Mas o jeito de jogar muitas pessoas dizem que é mesmo muito parecido.»