Vai ser um Mundial gigante e a corrida americana a três corresponde com números em grande. Marrocos promete uma competição segura e sem elefantes brancos. Estão apresentadas as duas candidaturas ao Mundial 2026, o primeiro a 48 equipas, num processo que a FIFA promete muito mais transparente e pacífico que os anteriores, envoltos em polémica que ainda não acabou. A decisão será a 13 de junho, mas pode não ficar por aí.

Os casos em torno da atribuição dos Mundiais 2018 e 2022 atrasaram o processo para 2022. E apenas se posicionou numa primeira fase a candidatura que junta Estados Unidos, México e Canadá. Mas a FIFA acabou por decidir abrir o processo a outros continentes, excluindo apenas, de acordo com o princípio da rotação de continentes, a UEFA e a Confederação asiática.

Avançou então Marrocos, que aliás já vai na quinta tentativa de organizar um Mundial. Depois de 1994, 1998, 2006 e 2010, tenta agora de novo a sorte para tentar levar o Campeonato do Mundo a África pela segunda vez na história.

A FIFA divulgou agora os dossiers de candidatura, que serão avaliados por uma comissão criada para o efeito. E a 13 de junho será feita a votação no Congresso da FIFA. Mas essa votação será tripartida. Ou seja, os membros da FIFA podem escolher uma das candidaturas, ou não escolher nenhuma delas. Se esta última for a opção mais votada, então será reaberto o processo, excluindo as duas candidaturas agora existentes e alargando-o a todas as Confederações.

Para já, estão na mesa duas propostas que são bem diferentes.

Antes de mais, os estádios. A candidatura de Estados Unidos, México e Canadá propõe 16 recintos, a serem selecionados a partir de um leque de 23 opções. São todos, garantem, recintos já «construídos e em funcionamento», que não exigirão investimento de monta. E com grande capacidade, uma média de 68 mil lugares por estádio.

São também muito Made in USA. A divisão de jogos não é propriamente equitativa: seriam 60 nos EUA, incluindo todos os quartos de final, as meias-finais e a final, mais 10 no Canadá e 10 no México: sete da fase de grupos, dois dos 16 avos de final e um dos oitavos em cada.

A candidatura United, como se auto-intitula, promete ainda muito dinheiro à FIFA. Fala numa estimativa de vendas de 5.8 milhões de bilhetes e em lucros de 2.1 mil milhões de dólares, que dizem ser um recorde para Campeonatos do Mundo.

E acrescenta como argumento o facto de todas as cidades propostas como sede terem boas condições de transporte, alojamento e as demais comodidades necessárias.

Os Estados Unidos, recorde-se, organizaram pela última vez o Mundial em 1994.

Quanto a Marrocos, a candidatura propõe 14 estádios, dos quais apenas cinco já existem. Outros três estão planeados e seis deles seriam novos. Defende que esses estádios seriam um catalizador de desenvolvimento nas cidades que os receberiam, mas anunciam também um conceito que pretende evitar que venham a tornar-se recintos-fantasma depois do Mundial. Chamam-lhe LMS (Legacy Modular System) e consiste num projeto comum aos seis novos estádos, que seriam muito parecidos na estrutura, permitindo reduzir custos. E que poderão ser reduzidos e readaptados depois

Marrocos anuncia um orçamento de 2,1 mil milhões de dólares, que serão, dizem, garantidos integralmente pelo Estado, o qual assegurará também a construção dos recintos. Defende ainda que o Mundial criaria mais de 100 mil postos de trabalho no país e geraria uma mais-valia económica de 2.7 mil milhões de dólares no período entre 2026.

A candidatura marroquina joga ainda outra carta que pode ser relevante no atual contexto, a da segurança. Marrocos anuncia-se como «um dos países mais seguros do mundo», avançando com números sobre a baixa criminalidade no país e a baixa taxa de homicídios (3 em 100 mil pessoas por ano), que «beneficia de muito baixa circulação de armas». Um tema que pretende marcar pontos, numa altura em que nos Estados Unidos a questão das armas é cada vez mais sensível e que outro dos países envolvido na candidatura tripartida, o México, tem uma taxa d homicídios bem superior, na ordem dos 16 por 100 mil habitantes, de acordo com dados das Nações Unidas.