Naturais de São João da Madeira, Ricardo Sousa (34 anos) e Cândido Costa (31 anos), amigos e companheiros de longa data, reencontraram-se em fevereiro no São João de Ver, equipa que disputa a Zona Centro da II Divisão Nacional.

Começaram nos escalões jovens da Sanjoanense e foram colegas de equipa no FC Porto de Octávio Machado e de José Mourinho. Depois seguiram percursos diferentes. Ricardo Sousa andou pelo Beira-Mar, Belenenses, Boavista, Hannover, União de Leiria e Oliveirense, entre outros. Já Cândido Costa passou pelo Setúbal, Braga, Belenenses, Rapid Bucareste, Arouca e Tondela.

Foi a partir de um repto lançado por um amigo que os jogadores se juntaram ao plantel do São João de Ver, equipa que ocupa a 10ª posição do seu campeonato, com 33 pontos.

«Trabalho como trabalhava nos tempos do Porto»

«Desde a rescisão com o Tondela que me encontrava sem clube e não estava disposto a recuar além da II Divisão. Foi o que acabou por acontecer. Não podemos ter medo de dar passos atrás», avança Cândido Costa.

Já Ricardo Sousa assume que esta era uma opção que procurava «há algum tempo». Admitindo que já havia recebido outras propostas, se bem que «para longe», Ricardo Sousa pensou mais «na família do que no futebol».

«Pretendia um clube que me desse motivações e as pessoas daqui foram cinco estrelas», afirma.

Sobre a sua veterania e a forma como foram encarados e recebidos pelo resto do plantel, os dois atletas são unânimes ao admitirem o carinho e a admiração que rodeou a chegada a São João de Ver.

«Fui muito bem recebido. Rapidamente perceberam a pessoa que sou. Não sou mais humilde do que ninguém, mas nunca me empoleirei. Trabalho da mesma forma que trabalhava no Porto e noutros clubes. Quando se ouve o apito inicial, esquecemos os problemas, as faltas de condições e tudo o resto», esclarece Cândido Costa.

A reação de Ricardo Sousa não é muito diferente. Reconhece que foi bem recebido e sublinha que «a direção tem sido inexcedível». «Quando remamos todos para o mesmo lado é fácil enquadrar-nos. Fomos recebidos de braços abertos», salienta.

«O bichinho do futebol está sempre presente»

O São João de Ver encontra-se a meio da tabela, com a permanência garantida, mas sem grandes expetativas de subida. Cândido Costa assume que esse «não é um objetivo».

Aliás, o próprio centro-campista admite que um dos objetivos do São João de Ver foi trazer alguma «experiência e visibilidade ao clube» com estas duas contratações.

Por outro lado, Ricardo Sousa reconhece que há ainda bastante trabalho para que se dê uma aproximação aos lugares cimeiros e garante estar lá para isso mesmo.

«Pretendemos continuar a evoluir. Querem a nossa ajuda e nós vamos ajudar como conseguirmos. Em Portugal é difícil projetos de longa duração e há muito poucos patrocínios a este nível. Não sei, talvez daqui por dois anos se possa pensar na subida», remata.

Ambos os jogadores atuaram noutros campeonatos, com graus de exigência bem distintos dos atuais, mas confessam que é fácil arranjar motivação para seguir em frente.

«Gosto de jogar futebol. Sempre gostei. Um ano sem jogar, tendo vivido uma lesão como a minha, teve grande influência nesta opção. Quis treinar, jogar e competir», remata Cândido Costa.

Já Ricardo Sousa considera que a motivação «arranja-se». «Recebi propostas para longe de casa e não aceitei por causa da família. Mas o bichinho do futebol esteve sempre presente. Sempre quis jogar. Por isso, temos de nos auto-motivar. Seja onde for. A motivação tem de ser nossa», finaliza.