Fabio Cannavaro, que se despediu da selecção italiana, lamentou ter vivido um pesadelo no Mundial da África do Sul e avisa que se a «azzurra» não mudar a filosofia de jogo não ganhará mais nada tão cedo.

«Sim, chorei porque dói sair assim. Ontem [quinta-feira] passei uma das minhas piores noites. Ninguém esperava que a Itália acabasse o Mundial no último lugar do grupo. Passámos de campeões do mundo a eliminados na primeira ronda», disse esta sexta-feira o central italiano em conferência de imprensa.

«Il Bello» prosseguiu com críticas duras e alertou para a necessidade urgente de se começar a pensar a modalidade de uma forma diferente. «O futebol italiano tem de olhar para o futuro, porque se continuarmos assim não voltamos a ganhar um Mundial nos próximos 25 anos. A selecção é a representação dos clubes. Há um mês, o Inter de Milão ganhou a Liga dos Campeões mas não tem muitos italianos», atirou Cannavaro.

O defesa defendeu que «é preciso investir nos jovens» e considerou que «a Itália não está a proporcionar material» como o da sua geração: «Temos bons jogadores, mas não de primeira fila.»

Apesar de ter feito alterações que «não funcionaram, Marcello Lippi teve para Cannavaro um desempenho positivo: «Fez muitas alterações, mas não funcionaram. O seleccionador esteve bem, assumiu toda a responsabilidade, mas a culpa é nossa.»

Ao despedir-se da selecção após 136 internacionalizações, o capitão italiano não tem dúvidas sobre os companheiros a quem deve passar a braçadeira. «Buffon será provavelmente o mais veterano, mas também Chiellini, o mais velho entre os jovens e com o carácter mais justo para este papel», justificou Cannavaro.