Jacinto Paixão colocou um ponto final na carreira de árbitro. Depois de tantas polémicas, com o envolvimento no caso Apito Dourado e a queda para os jogos da III Divisão, cansou-se da profissão. Mas aproveitou para lançar alguns avisos à navegação. Numa conferência de imprensa realizada em Lisboa e que serviu também para justificar o envolvimento do Sporting no caso, o agora ex-árbitro lamentou que tenta sido tão mal tratado pelos seus pares e por quem manda no futebol.
«Venho neste momento colocar um ponto final na carreira, porque não tenho condições para continuar. Nunca fui querido, fui sempre um alvo a abater pelos dirigentes, mas vou manter-me atento à arbitragem e ao futebol português. Sinto muita mágoa, mas nesta altura quero aproveitar para passar mais tempo com a minha mulher e os meus filhos», lamentou-se, falando quase sempre na terceira pessoa:
«O Jacinto Paixão saiu consciente daquele jogo entre F.C. Porto e E. Amadora de que tinha feito uma boa arbitragem. Os jornais foram unânimes na apreciação positiva. Será que foi o Jacinto Paixão que deu o campeonato ao Porto? O Jacinto Paixão até aos 19 anos, altura em que começou a ser árbitro, era adepto ferrenho pelo Benfica. Na altura acusaram-me de ser adepto do Porto. Fui castigado por algo que nunca cometi. Será por ser alentejano?»
Sem justificação para o sucedido, Paixão avisa que as pessoas responsáveis «não resguardam os árbitros, metem-nos na fogueira, como aconteceu agora no F.C. Porto-Sporting (a Olegário Benquerença]. O Presidente da Liga e o Presidente do Conselho de Arbitragem têm de ter mais cuidado», frisou, queixando-se de nunca ter sido apoiado «por ninguém, nem por colegas».
Sporting chamado a depor
A notícia surgiu nos dias que se seguiram à polémica arbitragem de Olegário Benquerença no F.C. Porto-Sporting. Aproveitando as críticas dos responsáveis leoninos, o advogado de Jacinto Paixão no caso Apito Dourado encontrou um paralelismo e decidiu chamar toda a gente a depor.
António Colaço justifica-se, assegurando ter pedido ao bastonário da ordem dos advogados para falar: «Apresentei um requerimento ao processo Apito Dourado para que a equipa do Sporting e o presidente Filipe Soares Franco confirmem o que disseram às televisões e às rádios. Não quero entrar em polémicas com o Sporting, mas a reacção que tiveram mostra que a sociedade portuguesa está bem representada no programa Gato Fedorento. Falam falam falam, mas quando chega à hora da verdade ninguém diz nada. Só queria que dissessem o mesmo das entrevistas, nada mais.»
Colaço acha que os erros de Benquerença são bem mais grosseiros do que os eventualmente causados por Paixão. «Se compararem os dois jogos, o desta quarta-feira teve erros grosseiros muito mais graves do que os do Jacinto», referiu, apresentando ainda outra queixa: «Num processo onde se fala dos foras-de-jogo é estranho que haja acórdãos diferentes entre os dos assistentes e do árbitro». O advogado referia-se ao facto de Jacinto Paixão ter terminado na III Divisão, enquanto o assistente José Chilrito ainda está na Liga o David Martins na II Divisão».