Eram 8.20 horas da manhã quando Carlos Alberto deixou o aeroporto Sá Carneiro em direcção ao futuro. Para ele Portugal acabava ali. «Fui ao hotel despedir-me da rapaziada. Tentei falar com todo o mundo, mas não consegui». Despediu-se de Fernández?. «Não o encontrei», respondeu. «Mas quero deixar bem claro que não tenho nada contra ele. É um treinador que quer provar que tem valor, só desejo que seja feliz».
Meio a sério, meio na brincadeira, o brasileiro deixou mesmo uma promessa. «O primeiro golo que fizer no Corinthians vai ser para ele», assegurou. «Vou virar-me para o mister Fernández e dizer: ¿professor, este golozinho aqui é para você, valeu? Um abraço¿».
Carlos Alberto diz não levar, de resto, mágoa de ninguém. «Só tenho razões para agradecer, foi este clube que me deu a conhecer ao mundo. Agradeço-lhe muito por isso, ao F.C. Porto, aos adeptos e principalmente aos meus colegas. Vou guardar este ano no meu coração e vou continuar com a mesma alegria de sempre, só que agora noutro lugar».
No baú da memória diz guardar várias relíquias. Podia pensar-se que o brasileiro falava de títulos, mas não. «As brincadeiras, as risadas, as viagens, a sacanagem que fizemos juntos», recordou. «São coisas que estão arquivadas na minha cabeça para sempre. Vou lembrar para sempre os meus amigos, o Domingos Pereira [funcionário do F.C. Porto], um parceiro, puxa-saco para caramba, muitas coisas».
«Saio com a consciência tranquila»
Deste ano em Portugal diz fazer um balanço muito positivo. «Vim para ganhar títulos, para valorizar-me ainda mais e felizmente consegui-o». Por isso leva do Porto o sorriso que sempre o acompanhou. «Saio tranquilo, com a consciência tranquila, e quando chegar ao Brasil vou continuar a tocar a minha pandeireta. Nos lugares por onde passei nunca dei razões para falarem de mim. Tenho o meu jeito de viver a minha vida, de brincar, mas sempre respeitando as pessoas. O trabalho é bom, mas se tiver descontracção fica melhor. Nunca tive problemas com ninguém, sempre saio a bem com toda a gente».